Protesto por desaparecidos faz estragos no Palácio presidencial do México

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Várias dezenas de pessoas, que protestavam contra o desaparecimento de 43 jovens estudantes de uma escola para professores primários da localidade de Ayotzinapa, no México, em 2014, derrubou a porta do Palácio presidencial do país e fez vários estragos no local na manhã desta quarta-feira.

De acordo com estações de televisão locais, os manifestantes derrubaram a porta com recurso a uma carrinha branca da empresa estatal de eletricidade do México, reporta a agência Reuters, antes de alguns dos presentes, de cara coberta, entrarem no palácio presidencial, enquanto decorria a conferência de imprensa diária do presidente Andres Manuel Lopez Obrador.

Além disso, vandalizaram o edifício ao escrever 'faltam 43' na parede e partiram algumas janelas - conforme se pode ver na galeria de imagens acima.

A polícia no local teve de recorrer a gás lacrimogéneo para dispersar o grupo, segundo o jornal El Universal, e teve de erguer barreiras dentro do palácio para impedir que os manifestantes entrassem no edifício.

De acordo com a imprensa local, citada pela Reuters, alguns dos protestantes foram detidos.

O presidente mexicano denunciou uma "provocação", na qual também terão participado familiares dos estudantes, e quando a campanha eleitoral se iniciou na passada sexta-feira para designar o seu sucessor em 2 de junho. "É um movimento contra nós", disse durante a conferência de imprensa ao comentar os protestos.

"Queriam que respondêssemos de forma violenta. Não vamos fazê-lo porque não somos opressores", prosseguiu. "Vamos reparar a porta e não haverá problema", assegurou ainda.

López Obrador assegurou que os manifestantes serão recebidos por um representante do Ministério do Interior. Considerou ainda que os advogados e ativistas que acompanhavam os familiares próximos dos jovens desaparecidos estavam motivados por "objetivos políticos".

Em 2022, a Comissão para a Verdade e Acesso à Justiça, criada em 2018 pelo atual Presidente que se comprometeu a esclarecer estes acontecimentos e encontrar os jovens, concluiu que o grupo criminal 'Guerreros Unidos' esteve envolvido no desaparecimento dos estudantes, para além de "funcionários de várias instituições estaduais e federais", no que definiu como um "crime de Estado".

A Comissão também concluiu "que autoridades federais e estaduais do mais alto nível foram omissas e negligentes" e acusou-as de "alterar fatos e circunstâncias" para estabelecer uma conclusão "alheia à verdade".

Na ocasião, Alejandro Encinas, subsecretário para os direitos humanos do Governo, admitiu "não existirem indícios" de que de que algum dos estudantes estivesse vivo.

No dia 26 de setembro de 2014, estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, desapareceram em Iguala, estado de Guerrero (sudoeste) onde se preparavam para seguir de camioneta em direção à Cidade do México para participar numa manifestação, no decurso do consulado do então Presidente conservador Henrique Peña Nieto.

A versão oficial concluiu que os estudantes foram levados pela polícia e entregues ao cartel de narcotráfico Guerreros Unidos, que os assassinou.

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