Provocações, saudades e subidas: um dérbi que marcou o futuro de Moreirense e FC Vizela

14 de maio de 2022. Jornada 34 - a última do campeonato -, Moreira de Cónegos. Uma contundente vitória (por 4-1) no dérbi tirou o Moreirense dos lugares de descida direta e colocou Sá Pinto e companhia no 16º posto, lugar de play-off.

As decisões adiadas para o último suspiro foram o tónico necessário para colocar as emoções ao rubro. Após o apito final, o extravasar das emoções resultou em provocações desnecessárias.

O treinador português dirigiu-se à bancada visitante e, entre festejos tresloucados e ardentes bate-bocas, foi criado um dos momentos mais icónicos do passado recente em jogos entre Moreirense e FC Vizela. 

Nessa tarde, terminou a época para o FC Vizela, feliz recém-subido que carimbou a manutenção na 14ª posição. O Moreirense acrescentou dois jogos à agenda, mas não evitou a descida.

Com vários altos e baixos desde então, em apenas dois anos, a vida dos dois clubes do norte do país tem sido uma autêntica montanha-russa, que pode ganhar outro capítulo esta sexta-feira.

2022/23: confirmação e consagração

No geral, ainda que em situações bem distintas, foi uma temporada positiva para os dois emblemas.

Na Segunda Liga, o Moreirense revitalizou-se. Paulo Alves foi o escolhido para liderar a equipa e revolucionou o plantel: deu espaço a Frimpong e a Gonçalo Franco, reforçou a linha defensiva com nomes experientes, acrescentou Alanzinho e Ofori - habitualmente titulares ainda hoje, na Primeira Liga - ao meio-campo e mudou, quase por completo, a frente de ataque: só André Luís e Walterson sobraram.

Desta forma, a estadia no segundo escalão foi curta. Moreira de Cónegos foi uma fortaleza - dois empates em dezassete jogos caseiros; de resto, só vitórias - e as escassas três derrotas durante todo o campeonato foram a receita para regressar com rapidez à Primeira.

Do outro lado, em Vizela escreveu-se história. Contudo, apesar do honroso e memorável 11º lugar, encerrou-se um capítulo. Álvaro Pacheco passou mais de três temporadas ao serviço dos vizelenses e registou duas subidas de divisão consecutivas - do Campeonato de Portugal à Segunda Liga e da Segunda à Primeira. Face a «divergências de opiniões», saiu em 22/23. Uma ferida ainda por sarar no clube.

Manuel Tulipa foi promovido dos sub-23 à equipa principal e levou o barco a bom porto, mas a mudança indiciou o que aconteceria, mais tarde, em 23/24: trocas e mais trocas, mas sem a estabilidade - e o sucesso - de outrora.

2023/24: um sobe e... outro desce?

Desta feita, começamos pelo conjunto de Pablo Villar... pelo menos, até dezembro. Na corrente temporada, o FC Vizela apostou em dois jovens treinadores espanhóis, ambos com um baixo grau de sucesso. Pablo Villar deixou a equipa no penúltimo lugar e Rubén de la Barrera, até ver, baixou uma posição e chegou ao fundo da tabela.

Apesar de ter o quarto melhor marcador do campeonato - Samuel Essende, com 15 golos -, os vizelenses têm demonstrado dificuldades em encontrar o fundo das redes - pior ataque da prova, com 30 golos. Além disso, como qualquer equipa que ronda os últimos lugares, a permeabilidade defensiva não ajuda - 63 golos sofridos.

Numa luta bem menos preocupante está o Moreirense. Na subida à Primeira Liga, os cónegos estão no sexto lugar - posição que dá acesso à próxima edição da Taça da Liga -, um ponto acima de outro conjunto sensação, o FC Arouca.

Mesmo a perder gás numa fase final da temporada - cinco derrotas e três empates nos últimos dez embates -, a época do Moreirense é histórica e há a possibilidade de igualar a melhor de sempre - com Ivo Vieira, em 2018/19.

Rui Borges, em época de estreia na Primeira Liga, aproveitou as bases que venceram a Segunda Liga e solidicou-as ao acrescentar peças experientes: por exemplo, Marcelo e Maracás no centro da defesa.

Dois anos depois, novamente em maio, Moreirense e Vizela defrontam-se em novo duelo que pode marcar o futuro dos dois clubes. Veremos se o destino nos reserva mais momentos marcantes entre os dois clubes.