PS acusa Governo de querer construir escola de "passado bafiento"

2 horas atrás 22

No debate sobre política setorial com a presença do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, foi confrontado pelo vice-presidente da bancada socialista Miguel Costa Matos com esta revisão, que foi anunciada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, no Congresso do PSD no passado domingo, que disse querer libertar esta disciplina de "amarras ideológicas".

"Foi num passado bafiento que anunciaram a revisão da disciplina de cidadania. Qual a ideologia da literacia financeira, da matéria ambiental, ou será só por causa da educação sexual que há 20 anos consta dos programas? Este Governo está a construir uma escola do passado", acusou Miguel Costa Matos.

Na resposta, o ministro considerou que o Governo tem de fazer uma avaliação "quando há ruído na sociedade" e quando "há pais que se sentem desconfortáveis" com o que se passa nas salas de aulas e "têm direito a ter essa voz".

"A importância que estão a dar a isso é maior do que o Governo dá", considerou, dizendo que esta revisão tem de ser baseada em estudos.

Fernando Alexandre justificou não dar exemplos concretos do que tem de ser revisto por necessitar de dados factuais "e não de situações que se vão ouvindo na imprensa".

O deputado do PS acusou ainda o Governo de ter "acabado com os exames digitais" e de atrasar a conectividade das escolas, o que foi contestado pelo ministro, que responsabilizou os anteriores executivos do PS pelo estado do parque informático e acesso à rede.

"A avaliação externa este ano letivo será avaliação digital, o que cancelámos no ano passado foram as provas digitais finais do 9.º ano porque não estavam garantidas condições de conectividade porque os governos anteriores não as garantiram", criticou.

Sobre as propinas, Fernando Alexandre disse que o Governo tem em perspetiva "um modelo de financiamento do ensino superior muito diferente da do PS" e que não quer que as instituições "dependam apenas das verbas do Estado".

As deputadas do PS Isabel Ferreira e Sofia Canha deixaram ainda críticas sobre o número dos alunos sem professor ou os apoios à deslocação de professores em algumas escolas, que consideraram discriminatório.

O ministro da Educação reconheceu que continuam a existir "muitos alunos sem aulas", mas disse estar convicto de que será possível resolver o problema com recurso ao concurso extraordinário e com a colaboração dos diretores das escolas.

Fernando Alexandre adiantou ainda que, nas próximas semanas, o Governo irá discutir o regime jurídico do ensino superior e deixou uma crítica à forma como o PS aborda as matérias da educação.

"O PS tarda em perceber que o centro do sistema educativo não são os professores, são os alunos, nós trabalhamos para os alunos, é quando a escola pública responder aos alunos que os professores serão mais valorizados", disse.

Leia Também: Cidadania teria de ter avaliação surpreendente para não ser obrigatória

Ler artigo completo