PS "poucochinho" e "erosão" de BE e CDU acabam com "ilusão" de novas eleições

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A Semana de Nuno Botelho

15 jun, 2024 - 10:00 • André Rodrigues

No rescaldo das eleições europeias, o presidente da Associação Comercial do Porto destaca, ainda, a "vitória" de Cotrim de Figueiredo, "que fez a melhor campanha", por oposição à "incapacidade do Chega para mobilizar eleitorado, sempre que André Ventura não é cabeça de cartaz".

A vitória do PS pela margem mínima nas eleições europeias, associada à erosão de Bloco de Esquerda e CDU poderão travar os planos de Pedro Nuno Santos para forçar uma repetição das eleições legislativas, defende na Renascença o presidente da Associação Comercial do Porto.

“Apesar da vitória eleitoral, [o PS] perde um deputado em relação às últimas europeias e, apesar de inverter o ciclo de três derrotas seguidas, é tão poucochinho que não encoraja a provocar novas eleições”, defende Nuno Botelho que realça o que diz ser a “erosão”, quer do Bloco de Esquerda, quer da CDU, que “tira, de facto, alguma ilusão ao PS quanto àquilo que há de fazer na votação do próximo Orçamento do Estado”.

Quanto ao desempenho da direita, o empresário e jurista destaca o Chega “pela negativa”.

“Foi vítima, não só de uma escolha errada do candidato, mas, também, da postura que tem tido no Parlamento” e, ainda, “da incapacidade de mobilizar eleitorado, sempre que André Ventura não é cabeça de cartaz”.

Botelho considera, no entanto, “prematuro” afirmar que a terceira maior força política na Assembleia da República é um fenómeno conjuntural: “eu acho que é a afirmação de partido de um homem só que não consegue chegar a tudo”.

Já, quanto à Iniciativa Liberal, o presidente da Associação Comercial do Porto considera que o “excelente resultado” alcançado por João Cotrim de Figueiredo premeia aquele que, na sua opinião, foi “o melhor candidato de todos” ao longo da campanha.

“Teve um resultado que também desencoraja o PS e encoraja a AD que, apesar da derrota, aguentou em termos de número de deputados”, o que, para Nuno Botelho, “dá força à direita democrática numas próximas eleições legislativas”.

Ministra da Saúde teve “muita coragem” ao denunciar lideranças fracas no SNS

Noutro plano da atualidade nacional, Nuno Botelho sai em defesa da ministra da Saúde que, esta semana no Parlamento, aludiu a “lideranças fracas” no Serviço Nacional de Saúde, em particular nos hospitais com médicos que, a meio do ano, já ultrapassam as 150 horas extraordinárias a que são obrigados por lei durante um ano.

“Fazendo a ponte com Cotrim de Figueiredo e com a necessidade de os políticos optarem pela verdade, em vez do politicamente correto, acho que a ministra teve muita coragem”, porque “não cabe na cabeça de ninguém pedir à tutela para fazer as escalas dos hospitais”.

Comentando o efeito imediato das palavras de Ana Paula Martins – a demissão em bloco da administração da ULS de Viseu – Nuno Botelho saúda a coerência, por entender que, “se as administrações dos hospitais não estão de acordo com a forma como as coisas têm de ser geridas, devem colocar o lugar à disposição ou devem mesmo demitir-se. É correto e é sério”.

Norte da semana

10 de junho e desertificação do interior. “O Presidente da República escolheu três dos concelhos mais afetados pelos fogos em 2017. É um sinal forte de coesão territorial, em regiões que estão sempre a debater-se com sérios problemas de desertificação, falta de investimento e muita pobreza. Isso foi revelado por Rui Rosinha, um bombeiro gravemente ferido nos incêndios na altura. Ele disse que muito se falou, mas pouco chegou ao território. É bom não esquecermos isso”.

Desnorte da semana

IRS e a ‘cheringonça’. “As eleições europeias vieram provar que, se calhar, o Chega, tem de repensar a estratégia e fazer as coisas de outra maneira, sob pena de vir a pagar muito caro. Já o PS – que viu aprovada uma descida do IRS até ao sexto escalão, graças à abstenção do Chega – não vai mais longe para não dizer que foi ao encontro do Governo. Mas são os chamados jogos florais do Parlamento, porque no fim do dia o que vai acontecer é que é o IRS até ao sexto escalão vai ser alterado e ninguém vai discutir se foi o PS e o Chega, ou se foi a AD. Estamos, de facto, num caminho perigoso e eu acho que o PS, mais cedo ou mais tarde, vai pagar caro”.

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