Putin enaltece comércio bilateral em visita ao nordeste da China

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O Presidente russo, Vladimir Putin, enalteceu hoje o aumento das trocas comerciais com a China, numa exposição dedicada à relação bilateral, na cidade chinesa de Harbin, parte de uma visita oficial ao país asiático.

Putin também se vai reunir com estudantes do Instituto de Tecnologia de Harbin.

Capital da província chinesa de Heilongjiang, Harbin foi outrora o lar de muitos expatriados russos e mantém alguns desses laços históricos na arquitetura.

Embora a visita de Putin seja mais simbólica e não tenha produzido resultados concretos, os dois países estão a enviar uma mensagem clara, segundo analistas.

"Estão a lembrar ao Ocidente que podem ser desafiantes quando querem", disse Joseph Torigian, investigador do Instituto Hoover da Universidade de Stanford, citado pela Associated Press.

Na exposição em Harbin, Putin enfatizou a importância da cooperação Rússia - China no desenvolvimento conjunto de novas tecnologias.

"Apoiando-nos nas tradições de amizade e cooperação, podemos olhar para o futuro com confiança", disse. "A parceria entre Rússia e China contribui para o crescimento económico dos nossos países, garante a segurança energética, ajuda a desenvolver a produção e criar novos postos de trabalho", argumentou.

Putin iniciou o segundo dia da visita à China com a colocação de flores num monumento aos soldados soviéticos mortos em Harbin, que lutaram pela China contra os japoneses durante a segunda guerra sino-japonesa.

Na cimeira de quinta-feira, Putin agradeceu ao homólogo chinês, Xi Jinping, as propostas chinesas para acabar com a guerra na Ucrânia, enquanto Xi afirmou que a China espera que a Europa regresse rapidamente à paz e à estabilidade.

A declaração conjunta expôs críticas às alianças militares dos EUA na Ásia e no Pacífico.

Putin ficou isolado a nível mundial devido à guerra, mas a China tem servido como um importante suporte económico e diplomático.

O comércio entre China e Rússia registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3%, para 240 mil milhões de dólares (223 mil milhões de euros).

Pequim tornou-se o maior mercado para o petróleo e gás russos e uma importante fonte de importações, incluindo bens de dupla utilização civil e militar, que mantêm a máquina militar russa operacional, apesar de a China ter banido a venda de armamento ao país vizinho.

A Rússia abriu, na semana passada, uma nova frente na guerra da Ucrânia, lançando ataques na zona fronteiriça do nordeste do país. A guerra está a chegar a um ponto crítico para a Ucrânia, que tem enfrentado atrasos na obtenção de armas dos parceiros ocidentais.

No ano passado, a China propôs um vasto plano de paz que foi rejeitado pela Ucrânia e pelo Ocidente por não exigir que a Rússia abandone partes ocupadas da Ucrânia.

Numa segunda reunião, em Zhongnanhai, o complexo residencial dos líderes chineses, Putin agradeceu a Xi o seu plano de paz e disse que a China continua a desempenhar um papel construtivo numa solução política para o conflito, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Os dois presidentes participaram também em eventos para celebrar os 75 anos de relações bilaterais.

Os líderes europeus têm pressionado a China para pedir à Rússia que ponha fim à invasão na Ucrânia, sem grande sucesso. Os especialistas afirmam que as relações entre China e Rússia oferecem benefícios estratégicos, especialmente numa altura em que a relação de ambos os países com a Europa e os EUA se deteriora.

"Mesmo que a China se comprometa numa série de questões, incluindo a redução do apoio à Rússia, é improvável que os EUA ou o Ocidente mudem drasticamente a sua atitude em relação à China", disse Hoo Tiang Boon, que investiga a política externa chinesa na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura.

"China e Rússia veem muito pouco incentivo para um compromisso", observou.

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