Qual o lugar de Costa na história? “É um dos líderes mais marcantes do PS a par dos fundadores”

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24.º Congresso do PS

06 jan, 2024 - 12:50 • João Carlos Malta

O Congresso do PS não marca o adeus à política de António Costa, muito longe disso. Mas serve de balanço para uma década à frente do partido e quase tanto tempo à frente dos destinos doe Portugal. Se o país fosse apenas o PS, Costa estaria na história como um dos maiores estadistas da história nacional.

Ao final de quase 10 anos à frente do Partido Socialista, esta sexta-feira marcou simbolicamente a saída de António Costa como secretário-geral. Um longo período, que faz com que o ex-ministro da Economia e do Trabalho, José Vieira da Silva, o coloque no Olimpo daqueles que marcaram a vida do partido do Largo do Rato.

“É um dos líderes mais marcantes do PS a par dos fundadores”, disse à Renascença José Vieira da Silva, afirmando que já o tinha dito em privado numa reunião da comissão política do PS.

Ou seja, Vieira da Silva põe António Costa ao nível de nomes como Mário Soares, Salgado Zenha ou António Arnaut.

António Costa fez coisas que ninguém tinha feito, como seja os entendimentos fora da caixa tradicional da política portuguesa, como seja ganhar as eleições com minoria absoluta vindo do governo”, enalteceu.

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A isso, Vieira da Silva soma a conquista de prestígio no espaço Internacional e acredita que Portugal é hoje reconhecido como um país muito respeitado na União Europeia.

E nem a forma como Costa sai de cena, com um caso judicial às costas, irá, na opinião de Vieira da Silva, diminuir o legado de António Costa. “Estou absolutamente convicto que este processo se vai encerrar, mantendo incólume a imagem de António Costa”, resume.

"António Costa fez coisas que ninguém tinha feito", Vieira da Silva.

A deputada Isabel Moreira, uma apoiante de António Costa “desde a primeira hora”, defende que o agora ex-secretário geral do PS é o “melhor primeiro-ministro da história”.

Moreira enaltece também a capacidade que Costa teve de fazer um “acordo histórico” com o PCP e BE.

“António Costa percebeu que era importante fazer um acordo com o Bloco de Esquerda e com o PCP e derrubou o muro histórico. Com isso enfrentou Bruxelas, em vez de se vergar a Bruxelas , mostrando que era possível ter contas certas, mas não reduzindo salários, cortando direitos e cortando pensões”, enumerou.

A isto, a deputada junta aquilo que diz ser a “coragem de não deixar ninguém para trás ” do primeiro-ministro ainda em funções, seja em “questões relativas a direitos das mulheres”, mas também em relação “a direitos das pessoas LGBT”.

Em resumo, considera que António Costa foi “um primeiro-ministro verdadeiramente completo, porque teve atenção a todos e a todas sem olhar a custos eleitorais”.

Por isso, considera ainda que Costa fez a quadratura do círculo ao mostrar, na opinião da deputada, serpossível ter direitos, pensões, salários e isso não ser incompatível com contas certas”.

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“Foi um legado muitíssimo importante e o prestígio internacional de Portugal deve muito a António Costa ”, concretizou.

"[António Costa foi] “um primeiro-ministro verdadeiramente completo, porque teve atenção a todos e a todas sem olhar a custos eleitorais”, Isabel Moreira.

Por fim, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, pensa que o primeiro-ministro, além do derrubar do muro à esquerda, deixará como legado “a recuperação dos rendimentos” e o “emprego”.

E depois, aproveitando para enquadrar este balanço para a área que assumiu, Cordeiro defende que “ o Partido Socialista, de alguma maneira, com estes oito anos, transformou-se num Partido Ecologista”.

Apesar deste balanço da vida política de Costa nesta década, o primeiro-ministro não estará ainda perto do fim da carreira política. António Costa já enfatizou ser muito novo para a reforma.

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