Quando a cabeça tem juízo...

1 mes atrás 52

...o Braga é que paga. Intermitente tem sido o começo de temporada do SC Braga no aspeto exibicional e intermitente voltou a ser no arranque da Liga Portugal Betclic. A dada altura, o melhor que os arsenalistas mostraram, este domingo, parecia ser suficiente para superar o Est. Amadora, mas os forasteiros ganharam nova vida com as substituições e arrancaram um empate no Minho (1-1) à boleia da ajuizada cabeça de Kikas.

A amostra inicial do SC Braga 2024/25 é indissociável de Rodrigo Zalazar. A equipa está automaticamente bem quando o comboio uruguaio está bem e a queda no nível qualitativo sente-se quando o sul-americano tem momentos menos felizes. No melhor voltou a estar Zalazar, que fez a Amine El Ouazzani uma oferta que o marroquino não pôde recusar para se estrear a marcar na Liga.

Descontente com a permissividade da equipa às transições adversárias nos jogos anteriores, Daniel Sousa transformou o 4x2x3x1 num 4x3x3 e fortaleceu o meio-campo com a presença de Vitor Carvalho nas costas de Zalazar e João Moutinho. Apesar do miolo adversário mais robusto, o tricolor da Amadora mostrou qualidade para contornar essa circunstância e transitar com qualidade. Agigantou-se, inclusive, com as entradas de Nani e Alan Ruiz e foi muito a tempo de gelar a Pedreira.

Não aquece nem arrefece

Melhor entrada forasteira, boa reação bracarense e um nulo ao intervalo. O filme da primeira metade conta-se em poucas palavras. Kikas e André Luiz foram fio condutor para as saídas perigosas de um Estrela compacto e organizado, já com traços muito caraterísticos do novo timoneiro, Filipe Martins.

A entrada dos visitantes foi positiva, mas os anfitriões responderam a partir do minuto 25. A pressão alta resultou em vários momentos e os minhotos descobriram os espaços na periferia, potenciando o 1v1 de Roger Fernandes na esquerda ou recorrendo à qualidade de passe de Moutinho, aberto na direita no momento de posse para convidar Ricardo Horta a jogar mais perto de El Ouazzani.

Nos melhores momentos de cada equipa, uma oportunidade clara para cada lado. André Luiz apareceu na cara de Matheus Magalhães, mas não foi capaz de finalizar. Do outro lado, Roger Fernandes tirou um adversário do caminho com o drible desconcertante e testou Bruno Brígido. Uma primeira parte morna, que não aqueceu nem arrefeceu os quase 15 mil espetadores presentes nas bancadas.

Cabeçada no motor uruguaio

Qual é o antídoto para o pequeno motor, de nome Zalazar, que dá vida ao SC Braga e que parecia ter descoberto o caminho para a vitória com uma assistência que foi, no mínimo, meio golo? A resposta do Estrela está na cabeça de Kikas, que deixou Matheus simplesmente a olhar, desamparado, para uma bola cujo destino estava traçado no momento em que teve contacto com o avançado tricolor.

A segunda metade do SC Braga começou bem melhor que a primeira, diga-se. Mais intenso, dominador e altamente reativo, capaz de estancar melhor as tentativas do adversário em sair rápido. Num desses lances, Moutinho travou o contra-ataque e Zalazar agradeceu, recebendo na direita e assistindo, de forma primorosa, El Ouazzani para o 1-0. Difícil seria o marroquino não marcar, tamanha a qualidade do cruzamento do uruguaio.

Um golo traz consigo um pico de adrenalina como não há igual e a equipa arsenalista agarrou-se a ele para, nos minutos seguintes, viver o melhor período no jogo. Ligada à corrente, a equipa da casa procurou tirar proveito de um adversário atordoado com o golo sofrido e ameaçou o segundo. Nunca surgiu e o tempo - e as substituições - foi melhor amigo do Estrela.

Os visitantes estabilizaram, equilibraram novamente o jogo e ganharam nova vida com as entradas de Nani e Alan Ruiz. O primeiro chegou mesmo a marcar, apenas para ver o lance invalidado por fora de jogo. O segundo, com uma maravilha de pé esquerdo, deu critério nas saídas. As boas entradas de ambos contagiaram a equipa e o golo surgiu à entrada para os últimos dez minutos, num cruzamento primoroso de Nilton Varela que Kikas desviou com mestria.

Final de jogo intenso, de emoções à flor da pele e muita confusão dentro do relvado. No meio de tudo, o SC Braga numa busca desenfreada pelo golo da vitória e o Estrela, cínico e frio, com a oportunidade de matar a partida na transição.

Nem uma coisa nem outra e o arranque de campeonato na Pedreira teve divisão de pontos e uma manifestação de descontentamento dos adeptos da casa. Quinta-feira há jogo de vida ou morte para o SC Braga na Liga Europa e aí não poderá haver intermitência.

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