Quase 150 mil hectares de área ardida em 2024, o quarto pior ano da última década

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20 set, 2024 - 18:44

Portugal deixou de ter incêndios em curso esta sexta-feira à tarde, mas em apenas uma semana 2024 tornou-se o quarto pior ano da última década em área ardida e o pior desde 2017.

Desde domingo, os incêndios já consumiram aproximadamente 124 mil hectares, segundo as estimativas do EFFIS (Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais), tornando 2024 o quarto pior ano da última década em área ardida e o pior desde 2017– com 146.649 hectares de área ardida desde o início do ano.

Até 31 de agosto, houve um total de 4.457 incêndios rurais que representavam 10.294 hectares de área ardida - o valor mais baixo de incêndios e de área ardida, desde 2014, de acordo com o relatório da Direção Nacional de Gestão do Programa de Fogos Rurais. Até esta data, 85% dos incêndios tiveram menos de um hectare de área ardida.

Até ao passado fim de semana, o ano parecia estar a ser relativamente calmo no que dizia respeito a incêndios rurais em Portugal continental, contudo, os fogos que deflagraram no Norte e Centro do país desde domingo alteraram o balanço. 2024 passou de ano com menor área ardida da última década - até agosto - para o quarto pior da década e o pior desde 2017, ano da tragédia de Pedrógão Grande.

De acordo com as estimativas do sistema Copernicus (os dados consolidados serão conhecidos mais tarde), no total, desde domingo, a área ardida já ultrapassou os 124 mil hectares.

As zonas mais afetadas localizam-se nas sub-regiões do Alto Tâmega, Ave, Região de Aveiro, Tâmega e Sousa e Viseu Dão Lafões, que totalizam mais de 110 mil hectares de área ardida, superior ao total de hectares ardidos no país em 2022 (104.379).

Nos incêndios de Arouca e Castro Daire arderam 42.708 hectares, um número que se aproximou da área ardida nos incêndios de Pedrógão Grande e Mação, há sete anos.

Segundo o ICNF, nos incêndios de Pedrógão Grande e Mação, em 2017, arderam 45.979 hectares. Nesse ano, segundo o EFFIS, foram consumidos pelas chamas 539.921 hectares em todo o país e registados 408 incêndios - contudo, dados obtidos pelo sistema nacional apontam para um número inferior.

O cálculo da área ardida é feito através da análise de informação cartográfica obtida através de satélites. Os dados do EFFIS baseiam-se em imagens de satélite para fazer estimativas e formular dados diariamente, que podem sofrer alterações.

Também o comandante André Fernandes, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, salientou esta sexta-feira à tarde que “as áreas ardidas que saem hoje são as estimadas” e que em Portugal será o Instituto da Conversação da Natureza e das Florestas (ICNF) a divulgar os números, recorrendo a vários métodos - Copernicus e a validação feita pela GNR e gabinetes técnicos florestais dos municípios.

Portugal deixou de ter esta sexta-feira à tarde incêndios em curso, sendo o fogo em Peso da Régua o único fogo ativo ainda esta tarde. Depois de uma reativação, este incêndio em Sedielos estava a ser combatido pelas 15h30 por 79 operacionais e dois helicópteros. O incêndio entrou em fase de resolução pelas 16h20, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

No total, os incêndios que lavraram nas regiões norte e centro ao longo desta semana provocaram cinco mortos e 177 feridos, 17 dos quais graves, segundo números provisórios avançados pela mesma autoridade. Dos 17 feridos graves 11 são bombeiros e dos 87 feridos ligeiros 36 são operacionais que estiveram a combater as chamas.

Com as mudanças meteorológicas, a Proteção Civil apela agora à adoção de medidas preventivas nas zonas afetadas pelos incêndios devido à chuva que está prevista para a próxima semana e que poderá provocar deslizamento de terras.

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