Quatro meses depois, primeiro-ministro do País de Gales cede à pressão e demite-se

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O primeiro-ministro do País de Gales demitiu-se do cargo esta terça-feira e disse esperar que o novo líder seja eleito “no início do outono". Vaughan Gething estava envolvido numa polémica, depois de ter aceitado uma doação de campanha de um empresário condenado por crimes ambientais.

A sua demissão, apenas quatro meses depois de ter tomado posse, acontece depois de diversos ministros do País de Gales — Mick Antoniw, Julie James, Lesley Griffiths e Jeremy Miles — terem abandonado os seus cargos numa tentativa calculada para forçar o primeiro-ministro a tomar esta decisão. Gething abandona o cargo, mas declara que manteve a sua integridade e que todas as acusações são "motivadas politicamente".

"A minha integridade é importante, não a comprometi”, disse Vaughan Gething, durante a declaração em que anunciou a sua demissão. O primeiro-ministro do País de Gales afirmou que continuará a exercer o cargo até à eleição do seu substituto.

Leia discurso de demissão na integra:

“Tomei esta manhã a difícil decisão de iniciar o processo de abandono do cargo de líder do Partido Trabalhista do País de Gales e, consequentemente, de primeiro-ministro.

Tendo sido eleito líder do meu partido em março, esperava que durante o verão pudesse ter lugar um período de reflexão, reconstrução e renovação sob a minha liderança. Reconheço agora que isso não é possível.

Foi a honra da minha vida desempenhar este cargo, mesmo que por poucos meses.

Ver a dedicação ao serviço público por parte da nossa função pública e a dedicação à civilidade por parte do público galês.

Ver a eleição de um novo governo em Westminster e a nova esperança que isso traz ao País de Gales.

Sempre prossegui a minha carreira política para servir o País de Gales e poder mostrar às comunidades sub-representadas que há um lugar para elas, para nós, é uma honra e um privilégio que nunca diminuirá.

Foi isso que me atraiu para o serviço público. Antes de me tornar deputado, lutei em processos laborais por pessoas que tinham sido maltratadas no trabalho. Queria dar poder a quem não tinha voz, essa foi sempre a minha motivação.

Também fiz campanha para ajudar a criar o Senedd, acumulando 30 anos de trabalho para apoiar o processo de descentralização do País de Gales.

Este tem sido o momento mais difícil, para mim e para a minha família. A afirmação crescente de que terá havido algum tipo de irregularidade tem sido perniciosa, politicamente motivada e manifestamente falsa.

Em 11 anos como ministro, nunca tomei uma decisão para benefício pessoal. Nunca usei indevidamente ou abusei das minhas responsabilidades ministeriais. A minha integridade é importante. Não a comprometi.

Lamento que o ónus da prova tenha deixado de ser um bem importante na linguagem da nossa política. Espero que isso possa mudar. Irei agora discutir um calendário para a eleição de um novo líder do meu partido.

Por último, gostaria de agradecer a todos os que me apoiaram, à minha equipa e à minha família nas últimas semanas. Isso significou muito.

Para aqueles que, no País de Gales, se parecem comigo — muitos dos quais sei que se sentem pessoalmente magoados e preocupados com este momento — sei que o nosso país pode ser melhor. Sei que isso não pode acontecer sem nós. Haverá – e tem de haver — um governo que se pareça com o país que serve.

Muito obrigado."

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