Quero muito continuar a “picar” por aqui!

1 mes atrás 55

A primeira vez que fui ao Pica-Pau foi com amigos. Gosto da cozinha de Luís Gaspar. Mas, esta sua casa bem ao lado do Jardim do Príncipe Real, em Lisboa, é das mais puras que lhe conheço. Pura ou genuína, tradicional e com respeito. Por isso, fui muito feliz no Pica-Pau. Eu e todos comigo. Voltei lá e confirmei o que já tinha suspeitado: a cozinha, ali, tem alma do País e sabor com gosto. Agora, em jeito de convite, repeti já em “formato” trabalho para experimentar pratos de Verão. Foi um almoço, num dia de calor estival, em que até poderia apetecer tudo menos ficar horas à mesa. Só que, quando se começa, não apetece acabar depressa, antes ir sendo, lá está, feliz!

Luís Gaspar confessa que, também ele, tem em Maria de Lourdes Modesto das suas maiores referências quando se fala em receituário de Norte a Sul ou Ilhas. A isso, juntou a vontade e o querer trabalhar produtos como eles merecem. Escolheu parceiros a dedo, que lhe garantem a qualidade num nível que não dispensa, atirou-se aos tachos e escreveu cartas com entrega total à tradição, que aquecem de Inverno e confortam nos meses mais quentes. Nada inventou. Só fez questão de homenagear e perpetuar o que de bem se faz nas cozinhas deste País, de há anos, de forma simples. Quase em jeito de tachos e panelas da mãe, com muitas memórias que se traduzem em formato de pastéis de bacalhau, polvo à lagareiro ou bacalhau à Brás.

Por isso, o couvert serve-se com um pequeno pão de Mafra que chega quente à mesa, manteiga dos Açores e molho de pica-pau. Depois, segue-se a vez dos Petiscos, que há que lhes dar espaço, acredite. No nosso caso, traduziram-se em saladinha de polvo, amêijoas à Bulhão Pato e o belo do Pica-Pau, que começaram por ser bem casados com o fantástico Arinto dos Açores, assinado pelo António Maçanita. Se é para cruzarmos regiões, então vamos lã!

O chef sugere, e bem – obrigada Luís Gaspar – que sigamos com um Arroz de Lavagante e rematemos com a Espetada à Madeirense. Aceitámos a dica que deve saber o que diz, mas ainda acrescentámos um pedido: “há um prato novo na Carta, as pataniscas de bacalhau com arroz de feijão. É possível experimentar?» Claro que não houve “não” como resposta, o que nos fez agradecer assim que colocámos as ditas na boca. Estava lá tudo: sabor, equilíbrio de ingredientes, de tempero, boa pomme e melhor fritura.

Ah, não sei se se lembram que tudo isto ia acontecendo num almoço em dia de Verão, em Lisboa! Acho que ninguém deu por isso, isto é, os que partilharam a mesa…

Nas sobremesas, claro que há farófias e leite creme, mousse de chocolate e pêra bêbeda, além de outras coisas boas e doces.

Fiel, como se diz, à produção que a época do ano lhe traz até à cozinha, Luís Gaspar tem alturas em que trabalha mais caça ou mais legumes. A carta de vinhos é eclética e só inclui referências nacionais. Além do vinho do dia, a copo ou em garrafa, há vinho verde tinto, tradicionalmente servido em malgas para acompanhar o Arroz de Cabidela. Sim, que este Pica-Pau também tem pratos do dia. A saber: a segunda-feira é de filetes de pescada com arroz de tomate, a terça de carne de porco à alentejana, à quarta servem-se pataniscas de bacalhau com arroz de feijão, enquanto as quintas-feiras são dias de cozido à Portuguesa. Chegando a sexta-feira, emprata-se arroz de cabidela e ao sábado há massada de garoupa e camarão. Para fechar, domingo é mesmo para dar mesa ao cabrito com arroz de forno.

E já este Verão o Pica-Pau tornou possível petiscar à janela uma selecção de clássicos, entre o seu rissol de leitão, pastel de bacalhau, queijo de Nisa, presunto de porco preto alentejano ou o combinado de flute de espumante e rissol de leitão (€5).

Outra das novidades é a selecção de iguarias agora à venda no Pica-Pau (no restaurante e no site. O objectivo é dar palco aos produtos tradicionais portugueses “de pequenos produtores que não estão massificados, com quem temos relações muito estabelecidas, e que possam trazer o ADN da portugalidade aos nossos clientes, algo que faz parte da identidade do Pica-Pau deste o início”, explica o chef. Para levar para casa estão disponíveis produtos como o Azeite (500ml – 19,50€), a Flor de Sal (70g – 16,00€), a Ginjinha (4,50€) e três opções de conserva: Ovas de Sardinha (18,50€), Sardinha s/Pele e s/Espinha (7,00€) e Filete de Cavala (5,00€), tendo o pack com as três o valor de 29,50€.



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