"Arrogância" e "culto da personalidade". As reações à entrevista da PGR

2 meses atrás 86

A Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, quebrou um longo silêncio ao fim de seis anos de mandato para responder às várias acusações de que foi alvo no âmbito da Operação Influencer, que culminou na demissão do antigo primeiro-ministro António Costa.

Em entrevista à RTP - a primeira desde que assumiu o cargo -, Gago 'disparou' na direção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acusando-o de ter feito declarações "graves" sobre a "falta de liderança" do Ministério Público (MP). Também colocou na sua mira a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, afirmando que há uma "campanha orquestrada" contra o MP.

De seguida, choveram várias reações políticas à entrevista, oriundas de diferentes setores políticos. Duarte Pacheco, do Partido Social Democrata (PSD), disse que "a expressão que [Lucília Gago] utilizava era de arrogância, de superioridade a tudo e a todos, pensando que é Deus na Terra, e, por isso, tinha uma mensagem muito clara, que não era explicar coisa nenhuma".

"Não era explicar as fugas de informação. Não era explicar as escutas que se prolongam uma vida inteira... Era para responder a essas individualidades, porque se sentiu picada e quis reagir”, afirmou, na SIC Notícias.

Na mesma cadeia televisiva, o deputado do Bloco de Esquerda (BE) Fabian Figueiredo argumentou que Lucília Gago ficará "na história" do MP, mas não pelas melhores razões... "Lamento que uma Procuradora-Geral da República veja o dever de informação, o dever de transparência, como podendo ser confundido com o culto da personalidade", disse.

Ainda à Esquerda, o deputado do Partido Socialista (PS) Vitalino Canas considerou apenas que as explicações de Lucília Gago poderiam ter vindo mais cedo, e principalmente na Assembleia da República. "Há aqui uma errada perceção do momento político e do momento comunicacional perante o público", referiu, também na SIC Notícias.

No mesmo programa televisivo, Filipe Melo, do Chega, defendeu a Procuradora-Geral da República, dizendo que tem uma postura de quem "quer trabalhar", e de forma "mais discreta".

"Nunca ouvi nunca ouvi ninguém, no passado, a dizer que [Lucília Gago] devia estar mais ou menos ativa. Ouvi algumas críticas a dizer que não saía do palácio. E agora vêm criticar porque dá uma entrevista?", questionou.

As reações vieram também de outros setores, como foi o caso do antigo ministro da Justiça do PSD Fernando Negrão, um dos subscritores do Manifesto dos 50. "Foi uma entrevista única, durante um mandato de seis anos, e, se calhar, mais valia não a ter dado", disse, em declarações à Antena 1, 

Depois da inclusão de um parágrafo que envolvia o antigo primeiro-ministro António Costa no comunicado oficial da PGR sobre a Operação Influencer, que levou à queda do anterior Executivo, Lucília Gago foi alvo de fortes críticas, às quais respondeu nesta entrevista à RTP, garantindo que nunca pensou em "demitir-se".

Leia Também: PGR "deve ser responsabilizada quando comete erros flagrantes"

Ler artigo completo