"Bragança pode vir a ser uma referência, isto se não sair no verão..."

Daniel Bragança, apesar de não ser um titular indiscutível na equipa de Rúben Amorim, cavalga, na presente época, para os melhores números na carreira como jogador sénior do Sporting.

Se é verdade que na temporada transata viveu 'abraçado' a uma terrível lesão no joelho direto, na presente época apareceu revigorado a fazer o que, a espaços, arquitetava dentro dos terrenos de jogo nos anos precedentes. O Desporto ao Minuto decidiu por isso partir à conversa com Alexandre Santos, treinador que o orientou nos sub-23 do Sporting na época 2018/19.

O agora técnico do Petro de Luanda abordou a evolução do médio de 24 anos e de que forma pode aproveitar o espaço deixado por Morita, ausente no mês de janeiro, por força dos compromissos na Taça Asiática ao serviço do Japão.

"O Daniel Bragança tem um controlo dos ritmos de jogo mais eficaz, menos precipitado, mas por outro lado arrisca menos do que Morita. É mais cerebral e isso pode dar um pouco mais de dinâmica à transição entre as linhas ofensiva e defensiva, sendo que os leões com Bragança podem ser mais controladores com bola do que já são, mas trará também menos risco ofensivo ao jogo do que o japonês", começou por afiançar Alexandre Santos, antes de fazer uma análise mais 'macro' à maneira como o médio português foi progredindo pelo bastião verde e branco.

"Parece-me uma evolução perfeitamente expetável. Conheço a capacidade que ele tem e sei que quando tivesse mais hipóteses, e tendo em conta um plantel recheado de mais-valias, o que nem sempre torna fácil agarrar a titularidade, ele acabaria por agarrar essas chances para brilhar. Sempre que atuou foi progressivamente correspondendo, uns momentos mais e uns momentos menos, mas a lesão também veio complicar a sua evolução. Agora, este ano, parece-me que, de forma natural, vai tendo mais hipóteses e até com um registo de golos assinalável. Ele tem tudo para se afirmar, até porque o coletivo encontra-se bastante estável e o treinador também o conhece muito bem. Tem tudo para ter ainda mais rendimento. Numa equipa há sempre jogadores que jogam mais e agarram um lugar, mas depois os suplentes, pelo menos alguns deles, desempenham também um papel primordial no sucesso da equipa. E ele sempre se assumiu como uma 'arma' importante", complementou o técnico do Petro de Luanda, sem ter a certeza de que ele possa vir a ser titular após o regresso de Morita.

"Na verdade, será sempre uma incógnita do que ele vai conseguir mesmo atuando mais jogos. Nada nos leva a dizer que Morita vai perder a titularidade quando regressar da Taça Asiática. Independentemente de jogar e corresponder, a titularidade de Daniel Bragança nunca está garantida. Agora, ele sabe o que o Amorim pretende e tem correspondido sempre que é chamado. Este é um momento importante para o Daniel e um ano de afirmação. Se ele queria jogar mais tempo? Obviamente que sim, mas num plantel com tanta qualidade nem sempre é fácil ser titular indiscutível. Agora, ele pode vir a ser titular incontestável e uma referência no Sporting, isto se não sair no final da época. Porque, agora e nos tempos atuais, não é preciso ser sempre titular para no término da temporada partir para outro destino", acrescentou, antes de progredir na mesma linha de pensamento.

"Acho que ele tem condições para jogar em qualquer parte do mundo, agora se tem espaço para jogar numa equipa grande da La Liga ou da Premier League tenho mais dúvidas e acho que, nesse caso, deve permanecer no Sporting. Ele não deve ver esse salto como um projeto de vida, até porque é mais seguro sustentar o seu lugar em Alvalade. O Matheus Nunes antes de sair para o Manchester City construiu o seu lugar no Sporting e acho que o Daniel Bragança também precisa de fazer isso. Ele tem ainda muito para fazer e muito para provar, por isso sair só por sair não faz muito sentido", rematou.

Leia Também: "Temos muita fome. 4-0 e queríamos mais"