"Crime hediondo". Palestinianos vendados, amarrados e despidos pelas IDF

9 meses atrás 113

Dezenas de homens palestinianos foram amarrados, vendados e despidos pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), conforme comprovam imagens divulgadas num canal televisivo daquele Estado, na quinta-feira. As autoridades pretendiam apurar se os indivíduos, - entre os quais estavam crianças, adolescentes e um jornalista -, pertenciam ao grupo islâmico Hamas, que já condenou este “crime hediondo contra civis inocentes”.

Um vídeo, que foi verificado pela BBC e pela agência Reuters, retratava dezenas de homens ajoelhados no chão, amarrados e de roupa interior, sob a vigilância de soldados israelitas, em Gaza. Uma outra fotografia mostrava mais homens, também seminus, na traseira de uma carrinha. Já noutra imagem, ainda não verificada, homens surgiram vendados e ajoelhados em cima de um monte de areia.

De acordo com a Al Jazeera, muitos dos indivíduos foram reconhecidos por membros da comunidade, que assegurou que estes não tinham ligações ao grupo islâmico.

Entre eles estava, segundo a BBC, o jornalista palestiniano Diaa al-Kahlout, correspondente do jornal al-Araby al-Jadeed. O meio de comunicação deu conta de que al-Kahlout foi detido com os seus irmãos, familiares e “outros civis” pelas forças israelitas, em Beit Lahia. Aí, as IDF terão forçado os homens a despir-se, antes de os submeterem “a revistas invasivas e a tratamentos humilhantes”. Os detidos foram, depois, transportados para “locais não revelados”.

Israel arrests, abuses dozens of Palestinian civilians at UNRWA-run schools in northern Gaza https://t.co/GlarUdU3mN

— Euro-Med Monitor (@EuroMedHR) December 7, 2023

Questionado quanto às imagens, o porta-voz do governo israelita, Eylon Levy, apontou que os homens foram detidos em Jabalia e Shejaia, onde a atividade do Hamas está concentrada.

“Estamos a falar de homens em idade militar que foram descobertos em áreas que os civis deveriam ter deixado há semanas”, disse, citado pela BBC.

O responsável detalhou que os homens seriam interrogados para “apurar quem realmente era terrorista do Hamas e quem não era”.

Children, UN workers and a journalist are believed to be seen in a video showing dozens of Palestinians stripped and detained by Israeli forces in Gaza. pic.twitter.com/MECCmCgnMI

— Al Jazeera English (@AJEnglish) December 8, 2023

Ainda que as IDF não tenham comentado diretamente as imagens, o porta-voz Daniel Hagari informou, na quinta-feira, que as suas forças “detiveram e interrogaram centenas de suspeitos de terrorismo”.

"Muitos deles também se entregaram às nossas forças durante as últimas 24 horas. A informação resultante dos seus interrogatórios é utilizada para continuar os combates", complementou.

Um alto funcionário do Hamas, Izzat El-Reshiq, instou as organizações internacionais de direitos humanos a intervir, não só para dar conta deste “crime hediondo contra civis”, mas também para ajudar a libertar os detidos. De acordo com a BBC, alguns já foram libertados.

“Instamos as organizações de direitos humanos a intervir imediatamente para expor este crime hediondo contra civis inocentes que se refugiavam numa escola, que se transformou num abrigo devido às agressões e massacres sionistas, e a exercer pressão por todos os meios para garantir a sua libertação”, disse, citado pela agência Reuters.

Por seu turno, o embaixador palestiniano no Reino Unido, Husam Zomlot, considerou que as imagens evocam “alguns dos períodos mais sombrios da história da humanidade”.

“Os meios de comunicação israelitas não mostraram o assassinato em massa de crianças palestinianas e de civis inocentes, nem a destruição em massa de Gaza. Mas não tem escrúpulos em mostrar estas imagens selvagens das forças de ocupação israelitas a deter e despojar civis retirados de um abrigo da ONU em Gaza”, acusou, na rede social X (Twitter), onde apelou por um “cessar-fogo imediato e permanente”.

Israel media did not show the mass murder of Palestinian children and innocent civilians, or the mass destruction of Gaza. But Israeli media has no qualms about showing these savage images of Israeli occupation forces detaining and stripping civilians taken from a UN shelter in… pic.twitter.com/XCQtullKCU

— Husam Zomlot (@hzomlot) December 7, 2023

Também o Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos deu conta destas detenções “arbitrárias e aleatórias”, detalhando que ocorreram depois de as forças israelitas terem cercado dois abrigos de Beit Lahiya durante dois dias.

“O exército israelita deteve e abusou gravemente dezenas de civis palestinianos no norte da Faixa de Gaza. […] O Euro-Med Monitor recebeu relatos de que as forças israelitas lançaram campanhas de detenção aleatórias e arbitrárias contra pessoas deslocadas, incluindo médicos, académicos, jornalistas e homens idosos, nas escolas Khalifa Bin Zayed e New Aleppo, ambas afiliadas à Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla inglesa)”, disse a entidade, em comunicado.

Depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.

Leia Também: Hamas apela à ONU para acabar com "guerra brutal" em Gaza

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