"Crise humanitária". Tribo mais isolada do mundo fotografada junto a rio

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Dezenas de indígenas do povo Mashco Piro, uma das tribos mais isoladas do mundo, foram fotografados e filmados junto às margens de um rio na Amazónia peruana, a poucos quilómetros de áreas destinadas à exploração madeireira. A Survival International, associação que divulgou as imagens, na terça-feira, apelou a que todas as licenças de exploração de madeira na região sejam revogadas, bem como ao reconhecimento de que o território pertence aos Mashco Piro.

Nos últimos dias, mais de 50 indígenas Mashco Piro foram vistos perto da aldeia dos indígenas Yine de Monte Salvado, no sudeste do Peru. Por seu turno, um outro grupo de 17 indígenas apareceu na aldeia de Puerto Nuevo.

De acordo com a Survival, os Yine, que não são isolados, falam uma língua parecida com a dos Mashco Piro, tendo já deram conta de que estes indígenas reclamaram da presença de madeireiros nas suas terras.

Entre as empresas madeireiras que detêm concessões dentro do território que pertence aos Mashco Piro está a Canales Tahuamanu, que construiu mais de 200 quilómetros de estradas para transportar a madeira extraída. Ainda que o governo peruano tenha reconhecido que a entidade está a extrair madeira naquele local, há oito anos, a entidade é certificada pela FSC (Forest Stewardship Council), um selo de aprovação encontrado em milhares de produtos feitos de papel pela suas "operações supostamente sustentáveis e éticas".

Nessa linha, a Survival pediu à FSC para que revogue a licença daquela empresa. Além disso, mais de oito mil pessoas também já pressionaram o organismo a agir.

"Está a formar-se o cenário de uma verdadeira crise humanitária – é absolutamente necessário que os madeireiros sejam removidos, e que o território dos Mashco Piro seja devidamente protegido. A FSC deve cancelar imediatamente a certificação da Canales Tahuamanu – senão, ficará claro que todo o sistema de certificação é uma farsa", argumentou a diretora da Survival International, Caroline Pearce.

Já o presidente da organização indígena Federação Nativa do Rio de Madre de Dios e Afluentes (FENAMAD), Alfredo Vargas Pio, complementou que "os trabalhadores podem trazer novas doenças que seriam mortais aos Mashco Piro, e também há risco de violência de ambos os lados"

"É muito importante que os direitos territoriais dos Mashco Piro sejam reconhecidos e protegidos por lei", disse.

Veja o vídeo na galeria acima.

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