Um anúncio de batatas fritas, que retratava uma cerimónia católica, acabou proibido em Itália. Na publicidade, a hóstia era substituída por uma batata, o que levou o Comité de Controlo do Instituto de Autorregulação Publicitária a decidir pela interrupção da sua transmissão, defendendo que "a comunicação comercial não deve ofender as convicções morais, civis e religiosas", de acordo com o Código de Autorregulação da Comunicação Comercial.
A decisão pode ser objeto de recurso nos próximos sete dias. O anúncio tem 30 segundos e é um dos três criados para promover o produto da marca Amica Chips.
Num comunicado citado pela agência Ansa, o Comité de Controlo do Instituto de Autorregulação Publicitário descreve que a campanha é "ambientada num convento e com a [canção] Ave Maria de [Franz] Schubert como fundo". O anúncio "mostra um grupo de noviças dirigindo-se ao altar da igreja para receber a comunhão".
"Assim que a primeira noviça da fila recebe a hóstia do sacerdote (na versão online, uma batata), um som de mastigação ressoa na igreja. Surpresa e constrangida por ser a causa dessa emissão inesperada, a noviça vira-se para a sacristia, onde outra freira está a comer as batatas crocantes anunciadas, tirando-as do saco", explica.
O vídeo "termina com imagens do produto e o slogan ‘Amica Chips, o divino cotidiano'".
O Comité entende que o paralelo entre a batata e a hóstia, nomeadamente através da expressão "divino cotidiano", constitui uma "ridicularização do profundo sentido do sacramento da eucaristia, tornando mais que razoável que os crentes e não crentes se sintam ofendidos".
Algumas associações católicas pronunciaram-se contra a publicidade, enquanto outros apelaram ao boicote da marca. O Collegio Rotondi, em Gorla Minore, a mais antiga escola católica privada da Itália, baniu o produto.
"Consternados com a publicidade ofensiva e desrespeitosa de nossa religião, o reitor considera oportuno interromper a venda desses produtos. Às vezes, esses pequenos gestos também são necessários para demonstrar o nosso descontentamento", disse o reitor, o padre Andrea Cattaneo, citado pela agência italiana.
"Um anúncio criado em três versões, sendo a mais blasfema veiculada nas redes sociais, que são continuamente observadas pelos nossos alunos, onde a Eucaristia é substituída por uma batata, é inaceitável e ofensiva", criticou ainda.
Apesar da polémica, certo é que a empresa conseguiu mesmo chegar 'à boca' dos italianos.
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