"Não podemos dizer 'Costa deve sair' e depois aplicar outra doutrina"

7 meses atrás 98

O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Luís Marques Mendes, comentou a demissão de Miguel Albuquerque do cargo de presidente do governo regional da Madeira, decisão essa anunciada na sexta-feira.

Questionado na SIC Notícias sobre se havia alternativa a esta saída, Marques Mendes referiu que não. "Acho que Miguel Albuquerque tomou a decisão certa de sair. Na minha opinião, tomou tarde. Devia ter feito mais cedo e por iniciativa própria - fica a sensação, para não dizer a certeza, de que tomou tarde porque foi empurrado pelo PAN, quando disseram: 'Tiramos o tapete ao governo regional'", notou, no seu espaço de comentário habitual.

Sublinhando que Albuquerque tomou várias "decisões positivas" enquanto esteve no cargo, o comentador reforçou que perante o cenário - em que é suspeito de corrupção -, o governante não tinha outra solução. "Em primeiro lugar, por uma questão recente. Desde 7 de outubro, quando António Costa se demitiu de primeiro-ministro estabeleceu-se um padrão em Portugal. Essa demissão de António Costa foi aprovada e advogada à Esquerda e à Direita. Não podemos dizer um dia que António Costa deve sair e depois, em circunstâncias semelhantes, já não aplicarmos esta doutrina. Haja um bocadinho de coerência", atirou.

Sublinhando que está e a sua opinião há já muito tempo, o social-democrata afirmou que "quando há políticos, governantes, deputados ou autarcas que estão a ser investigados - arguidos ou não - por crimes especialmente graves como corrupção, devem abandonar funções" - e justificou.

Segundo Marques Mendes, isto deve acontecer porque apesar de uma pessoa ser "apenas" suspeita, acaba por ficar diminuída na sua autoridade em termos políticos. "As pessoas olham para ele [suspeito] e percebem que está diminuído", asseverou.

Para além disto, Marques Mendes apontou que qualquer governante nesta situação fica fragilizado, não tendo a "cabeça em pleno para exercer as suas funções". "Uma pessoa precisa de tempo e de cabeça para preparar a sua defesa. Não tem condições para estar num sitio e noutro", defendeu.

"Alguém que está suspeito de crimes graves como corrupção - mesmo que esteja inocente e venha a provar mais tarde -, obviamente que a sua presença no cargo vai contaminar aquele cargo, instituição e política em geral", sustentou.

Notando que já não tem a ver com a sua opinião, Marques Mendes disse ainda que ao longo dos anos o país mudou "brutalmente" e que situações como esta já não são toleradas pelas pessoas da mesma forma. "Situações desta natureza, destas investigações e de outras, há 20 ou 30 anos as pessoas toleravam. Podiam não gostar, mas toleravam", adiantou, notando que agora as pessoas "têm comportamentos de maior exigência".

"Por todas estas razões, Miguel Albuquerque fez bem em sair", reforçou, sublinhando mais uma vez que teria sido melhor tê-lo feito não só mais cedo, como também por iniciativa própria. "O que conta é o resultado final", rematou.

Leia Também: Dissolução na Madeira? Marcelo diz que só o pode fazer "daqui a 2 meses"

Todas as Notícias. Ao Minuto.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online.
Descarregue a nossa App gratuita.

Apple Store Download Google Play Download

Ler artigo completo