"Progrssos". Mali e Rússia reforçam relações bilaterais estratégicas

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Abdoulaye Diop encontrou-se com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, em Moscovo, numa visita de "amizade e trabalho" à Rússia para reforçar o "eixo Bamako-Moscovo" e para reiterar "o empenho das mais altas autoridades malianas em reforçar as relações bilaterais estratégicas entre a Rússia e o Mali".

"Esta relação bilateral estratégica permitiu realizar progressos consideráveis, nomeadamente no domínio da segurança", sublinhou, citando em particular a tomada pelo exército maliano da cidade de Kidal, um reduto das reivindicações independentistas e uma questão de soberania importante para o Estado central.

Os grupos rebeldes, predominantemente tuaregues, perderam o controlo de várias cidades do norte do Mali no final de 2023, após uma ofensiva do exército maliano que culminou com a tomada de Kidal.

"Temos de continuar e reforçar esta cooperação militar com a Rússia, mas também com outros parceiros, como a China e a Turquia", afirmou Diop, numa conferência de imprensa após a reunião com Lavrov.

"A Rússia e o Mali estão ativamente empenhados na cooperação militar e técnico-militar", confirmou o chefe da diplomacia russa.

"Podemos constatar que as capacidades defensivas do Mali estão a ser reforçadas graças ao trabalho dos nossos instrutores, à formação dos soldados malianos na Rússia e às entregas de equipamento (militar) russo", assegurou Serguei Lavrov.

Segundo Diop, o Mali também aprecia "a leitura lúcida que a Rússia faz da situação na região", disse, agradecendo, ainda, à Rússia por "honrar os seus compromissos com o Mali", nomeadamente no que diz respeito ao fornecimento de ajuda humanitária e de alimentos, referindo-se "à exportação de trigo, adubos e gasóleo", um aspeto que Moscovo "irá absolutamente prosseguir", segundo Lavrov.

O ministro acrescentou que as relações entre os dois países foram reforçadas na sequência das conversações entre o Presidente interino da nação africana, o coronel Assimi Goita, e o Presidente russo, Vladimir Putin, na cimeira Rússia-África, em São Petersburgo, que se realizou em julho de 2023.

Após o encontro entre os dois chefes de Estado, Moscovo atribuiu dois milhões de dólares (1,84 milhões de euros) para a compra de alimentos para o Mali, sob a mediação da ONU. A Rússia também enviou 25.000 toneladas de cereais gratuitamente para o país africano nos últimos meses, tal como Putin tinha prometido.

Lavrov recordou ainda que a Rússia enviou 50 milhões de toneladas de trigo e 25 milhões de toneladas de fertilizantes para o Mali no ano passado e que, desde o início do ano, forneceu 17.000 toneladas de combustível ao país africano. Além disso, afirmou que os dois países tencionam realizar uma reunião na primavera para debater o desenvolvimento da cooperação comercial e económica.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país africano, esta visita "insere-se na ambição das mais altas autoridades dos dois países de colocar a sua parceria estratégica numa dimensão dinâmica de intercâmbios políticos regulares e de uma cooperação diversificada e mutuamente benéfica".

Os chefes militares do Mali insistiram na partida da força antiterrorista francesa em 2022, seguida da missão da ONU no final de 2023. O país virou-se política e militarmente para a Rússia, que nos últimos anos tem procurado reforçar as suas relações com África.

O Mali é governado por uma junta militar, no poder após dois golpes de Estado, que se afastou do seu aliado tradicional, a França, e pediu ajuda à Rússia em matéria de defesa para lutar contra o terrorismo que varre o país e os grupos armados. Mercenários do grupo Wagner, amigo do Kremlin, estão presentes no país para prestar apoio antiterrorista, formação e segurança aos dirigentes da junta militar.

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