"Subjugação ou morte". Palestina acusa Israel de continuar a 'Nakba'

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Num evento na sede da ONU, em Nova Iorque, em que se assinalaram os 76 anos da expulsão em massa de cerca de 750.000 palestinianos no âmbito da guerra que levou à criação do Estado de Israel, Mansour defendeu que a 'Nakba' "não é um acontecimento histórico", mas sim "uma realidade terrível" que o povo palestiniano ainda suporta, uma vez que "Israel não abandonou os seus planos de o afastar da história e da geografia".

"A 'Nakba' engloba tanto uma tragédia pessoal para cada família palestiniana, como uma provação coletiva. A injustiça histórica sofrida por uma nação inteira. A maioria foi desenraizada da noite para o dia das suas terras ancestrais, enquanto os restantes foram tratados como estrangeiros no seu próprio país. É um empreendimento de deslocamento e substituição de pessoas que continua até hoje", advogou.

"Neste momento, está em curso um dos capítulos mais terríveis da 'Nakba'. O nosso povo em Gaza está sitiado, bombardeado (...). O Governo israelita já não esconde as suas verdadeiras intenções. Os palestinianos têm três opções: deslocamento, subjugação ou morte. Limpeza étnica, 'apartheid' ou genocídio", acrescentou o diplomata.

Mansour frisou que a negação do Estado da Palestina, assim como a negação da existência e dos direitos do povo palestiniano, está a ser levado a cabo por um Israel "descontrolado e desequilibrado", que tenta agora "livrar-se do povo da Palestina de uma vez por todas".

No evento de hoje, convocado pelo Comité sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestiniano, Riyad Mansour disse acreditar que existe um reconhecimento universal do povo palestiniano, "que em breve" será acompanhado pelo reconhecimento universal do seu Estado.

Na semana passada, a Assembleia-Geral da ONU aprovou, com apoio esmagador de 143 países, uma resolução que passou a conceder "direitos e privilégios adicionais" à Palestina e apelou ao Conselho de Segurança que reconsidere favoravelmente o seu pedido de adesão plena à organização.

A votação surgiu na sequência de um sentimento cada vez mais forte por parte da comunidade internacional pelo fim da ocupação israelita e pelo estabelecimento de um Estado Palestiniano totalmente independente, de acordo com a solução de Dois Estados.

Contudo, apesar desse consenso, "Israel continua a obliterar esses desejos no terreno, em total impunidade", defendeu o diplomata palestiniano.

"A 'Nakba' deve acabar. E parar o ataque israelita contra o nosso povo é o primeiro passo indispensável nesse caminho (...). Chega de dor. Chega de sofrimento. Nem uma única geração palestina foi poupada. É hora de acabar com a carnificina, de acabar com a ocupação, e agir, para acabar com o êxodo e salvar as gerações futuras da morte, da servidão e do deslocamento forçado", instou.

O evento na ONU foi presidido pelo embaixador do Senegal junto às Nações Unidas, Cheikh Niang, que acusou Israel de, durante os últimos 76 anos, praticar a "ocupação, expropriação, negação de direitos, detenções arbitrárias, incluindo de crianças, uso brutal e desproporcional da força, judaização de Jerusalém Oriental", num processo contínuo que tem afetado o povo palestiniano ao longo de gerações.

Os 76 anos do 'Nakba' acontecem em plena ofensiva israelita em Gaza com a deslocação forçada de 1,7 milhões de pessoas e com mais de 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007 e cujo ataque em solo israelita no ano passado desencadeou uma guerra com Israel.

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