Realeza. O que acontece a Camilla se viver mais tempo do que Carlos?

7 meses atrás 114

Camilla fez o caminho das pedras para chegar a rainha consorte – esse pode não ter sido o objetivo, mas acabou por ser o resultado final. Por isso, a pergunta que se impõe é: o que acontece à mulher do rei de Inglaterra se viver mais tempo do que ele? Há o exemplo recente da rainha-mãe, viúva do rei Jorge VI, que viveu uns espantosos 50 anos mais do que o marido, e continuou a fazer a sua vida, alegremente, na varanda e nos bastidores do palácio de Buckingham. Só que o exemplo não se aplica, porque a rainha-mãe, como o nome indica, era mãe da monarca seguinte, e Camilla não. Não só não é mãe, como contribuiu para que a mãe do próximo monarca, William, o actual príncipe de Gales, fosse bastante infeliz. Estarão todas estas feridas devidamente saradas? Ou vão reabrir neste momento de tensão?

Para começar, Camilla deixará de ter o título de rainha, ou rainha consorte, e passará a ser referida como dowager queen, ou seja, rainha-viúva. Até porque quando William subir ao trono, Catherine será a rainha consorte de então. Conforme lembra a publicação Town & Country, a última vez que o título rainha-viúva foi usado, foi em 1837, pela rainha Adelaide, mulher do rei William IV – como nunca tiveram filhos ela não pôde ser a rainha-mãe e quem acabou por subir ao trono foi a sobrinha de William, a rainha Vitória.

Mas poderá Camilla manter um papel ativo na família real ou será afastada? Qualquer das hipóteses é possível e dependerá das partes. Camilla poderá preferir retirar-se para Highgrove House, umas das residências privadas de que Carlos mais gosta e cujos jardins são motivo de orgulho; ou ficar em Clarence House, a casa para onde ambos foram viver depois de casados e que fica muito perto de Buckingham; ou ainda voltar a ter uma vida mais privada, selecionando, para isso, uma residência mais recatada – tem muito por onde escolher, no portfólio imobiliário da família real.

Amigas? Ou só à espera da mudança de maré? Amigas? Ou só à espera da mudança de maré? Foto: Getty Images Leia também Gesto embaraçoso de Camila gera críticas

Ainda assim, o futuro de Camilla dependerá sempre da qualidade da sua relação com William. No livro de 2022, Camilla: From Outcast to Queen Consort, a biógrafa real Angela Levin afirmou que "William sempre deixou claro que Camilla era a mulher do pai, mas não a madrasta dos seus filhos", acrescentando o seguinte: "William e Harry tinham 23 e 20, respetivamente, quando Camilla se tornou, oficialmente, madrasta deles, em 2005. [Eles viam-na mais como] um adulto amigável que encontravam ocasionalmente em eventos reais. Ela tentou ser [uma figura] encorajadora nas suas vidas, por oposição a exercer influência."

Mas isso de ser "encorajadora" pode ser uma faca de dois gumes. Tudo depende da direcção em que se dá o "empurrãozinho". Por exemplo, há muitos anos, antes de se casar com Kate, William decidiu fazer uma pausa na relação, algo que, naquele tempo, se disse ter sido influenciado por Camilla que, alegadamente, não considerava uma jovem oriunda da burguesia digna de se casar com o futuro rei de Inglaterra – a ser verdade seria, no mínimo, irónico. Se este afastamento foi, de facto, motivado por Camilla, terá agora chegado a hora de um ajuste de contas ou estará tudo isto enterrado no passado?

No seu livro, Angela Levin garante que Kate e Camilla têm uma relação cordial e talvez até mais do que isso. Por exemplo, quando a revista Country Life fez um artigo de capa sobre a rainha consorte, em outubro de 2022, Camilla foi rápida na escolha do fotógrafo. De acordo com Mark Hedges, o editor da revista, Camilla ter-lhe-á dito o seguinte: "Oh, gostava muito que fosse a Catherine a fazer as fotografias." Hedges passou os minutos seguintes desesperadamente a pensar que fotógrafa era esta a que a rainha se estava a referir. "Subitamente percebi o que ela estava a dizer – e foi uma das coisas mais agradáveis que podiam ter acontecido. Foi muito fácil concordar com o plano." Kate é, como se sabe, apaixonada fotógrafa.

Longe vai o tempo... Longe vai o tempo... Foto: Getty Images Leia também Isabel II e Harry: uma relação nem sempre clara, que o neto revela agora como era

Outra grande incógnita neste cenário é Harry, o príncipe renegado, ou auto-exilado, dependendo do ponto de vista. Para já, sabe-se que foi informado do estado de saúde do pai – antes que o mesmo fosse tornado público – e que já vem a caminho do Reino Unido, sozinho. Apesar de já não ter um papel ativo na família real, Harry continua a ser um conselheiro de Estado. Historicamente, os conselheiros de Estado são membros da família real – o marido ou mulher do monarca seguido dos quatro adultos, com mais de 21 anos, na linha de sucessão –, que podem agir em nome do rei caso este se encontre afastado ou incapacitado. O que, neste caso concreto, significaria que os conselheiros de estado são: a rainha Camilla, o príncipe William, o príncipe Harry, o duque de Iorque e a sua filha, a princesa Beatrice. No entanto, pouco depois de ter subido ao trono, o rei Carlos III fez uma alteração à lei, impedindo que o filho, Harry, e o irmão, André, o duque de Iorque, atuem como seus substitutos. A nova legislação, que foi discretamente aprovada, prevê que apenas membros ativos da família real podem agir em nome do monarca. André abandonou os seus deveres reais em novembro de 2019, na sequência do escândalo da sua amizade com o pedófilo Jeffrey Epstein, e Harry afastou-se da família real e mudou-se para o outro lado do Atlântico em 2020. Assim, estes dois elementos, apesar de continuarem a ser conselheiros de Estado não podem agir em nome do rei e foram substituídos, nessa capacidade, pela princesa Ana e por Eduardo, duque de Edimburgo – irmãos do rei. Também a princesa Beatrice foi removida da lista por não ser um membro ativo da família real.

Outra possibilidade, caso o rei fique incapacitado de forma permanente ou prolongada, é a regência. O Regency Act estabelece que, caso seja necessário, o próximo adulto na linha de sucessão é regente até que o rei consiga voltar a assumir as suas funções. Portanto, no caso de Carlos III precisar de um regente, será o príncipe de Gales encarregar-se do papel. No entanto, se for William ou seus filhos a precisarem de um regente, a função passaria para o duque de Sussex – o que seria, no mínimo, um cenário curioso.

Não obstante a nova posição de Harry neste complicado tabuleiro de xadrez, o duque de Sussex pode ser muito útil à instituição e, em particular, ao irmão, William, que terá de assumir muitos dos compromissos do pai e estará, certamente, apreensivo com a possibilidade de ter de subir ao trono mais cedo do que imaginava. De resto, este não é um bom momento para a vida pessoal príncipe, com Kate a recuperar de uma cirurgia abdominal que tem causado diversos rumores sobre a gravidade do estado de saúde da princesa.

Será possível uma reaproximação entre os dois irmãos? Conseguirá William voltar a confiar em Harry, depois da quantidade de revelações pouco elogiosas que este fez na sua série documental do Netflix e na sua autobiografia, Na Sombra? Poderá a saúde periclitante do pai voltar a uni-los? Cenas para acompanhar nos próximos capítulos.

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Entretanto, importa recordar que, na sequência de uma intervenção cirurgica à próstata, o palácio de Buckingham anunciou que foi diagnosticado um problema cancerígeno a Carlos III, que o jornal Times avança não estar relacionado com a próstata. O comunicado oficial informa ainda que Carlos já começou uma ronda de tratamentos e que se encontra optimista e que, para já, os seus compromissos oficiais terão de ser adiados.

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