Reestruturar Portugal

9 meses atrás 64

Neste último mês, em que vivemos em clima natalício, Portugal assiste a uma irresponsabilidade coletiva perante as demasiadas e inaceitáveis falhas do nosso sistema político e do Governo. O Estado tem evidenciado uma perigosa incapacidade para combater as dificuldades do povo e falha na implementação e controlo de medidas assertivas e eficazes, lógicas e coerentes, que poderiam ter evitado este estado de sítio e de desespero coletivo em que nos encontramos.

No ano que se avizinha, em que comemoramos os 50 anos de democracia, não só fomos ultrapassados, como continuamos a ser o que já éramos antes do 25 de Abril de 1974, o País mais pobre da Europa Ocidental.

E, agora, com a realização das eleições legislativas à porta, a lengalenga política habitual não muda: “agora é que vai ser…”. Mas sem verdadeiras reformas não vamos lá. Portugal tem um grave problema demográfico que afeta o dinamismo da sociedade.

O envelhecimento da população, a “exportação” dos nossos jovens, muitos altamente qualificados, e a “importação” de trabalhadores diferenciados, traz-nos um problema acrescido na inovação, no empreendedorismo, na produtividade e na ambição do tão necessário crescimento económico.

Vivemos tempos dramáticos, onde os partidos não discutem as reformas necessárias da justiça, dos reguladores, dos impostos, da saúde, da formação, e apenas de quem se coligará com quem, para governar Portugal. Perante tudo isto, e porque continuamos de mão estendida na Europa, com a entrada de milhares de milhões de euros, assistimos a uma campanha na rua sem que se discutam os problemas reais e as reestruturações no Estado.

Tudo se resume a um debate indireto, surdo e extremista, pelas televisões, de quem é de esquerda e quem é de direita, e não em como tornar o país atrativo para o investimento, criação de emprego, retribuição salarial e riqueza nacional. E na falta também de debate ideológico, avolumam-se as quezílias e as ofensas pessoais entre os próprios, em situações pouco dignificantes em democracia.

O que sobra de todo este cenário de campanha é desolador. Tudo se resume a um conjunto de estratégias e táticas para a manutenção dos líderes partidários no pós-combate eleitoral. Ora, o que se impõe é que, nas próximas dez semanas até 10 de março, haja mais debate de ideias e planos de reformas estruturais.

Vivemos tempos de exceção, tempos muito difíceis, que exigem aquilo que não temos, novo rumo, liderança coletiva, ação, eficácia e estratégia. Mas vamos acreditar no Portugal que adoramos e em que vale a pena viver, trabalhar e sonhar. Bom Natal!

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