REPORTAGEM | Geny, o herói do dérbi que chegou a fazer testes no FC Porto

Artigo originalmente publicado a 1 de agosto de 2023

Geny Catamo, herói no dérbi e um dos destaques da época do leão. Após empréstimos difíceis, o moçambicano lutou pela afirmação e vive um momento de sonho em Alvalade.

À veia goleadora revelada em diferentes jogos, o extremo transformado ala mostra mostra cada vez mais no novo papel. O compromisso e as melhorias defensivas juntaram-se ao elevado requinte técnico que sempre teve no seu pé esquerdo.

Atento à nova vida do moçambicano em Alvalade, o zerozero procurou conhecer mais pormenores sobre Geny, cuja chegada a Portugal incluiu uma passagem pelo Olival até à explosão no Amora.

«Um treino bastou para ver que era diferenciado»

Pedro Russiano foi o homem que lançou Geny na equipa principal do Amora, mas este não foi o primeiro contacto do jogador com o futebol português. O extremo chegou a treinar à experiência no FC Porto, só que não convenceu os dragões e um regresso ao seu país natal esteve em cima da mesa.

«O Geny tinha feito uns testes no FC Porto. As coisas não se desenvolveram da melhor forma e ele chegou à Amora num cenário temporário, a ideia era regressar a Moçambique e à Academia onde estava. O Zuneid Sidat, que era o administrador da SAD do Amora, tinha ligações familiares a esse projeto», revelou-nos o técnico, atualmente em preparação para mais uma época no Juventude de Évora.

«Bastou um treino na equipa sénior para ver que era um miúdo diferenciado. Ele ainda era júnior de primeiro ano e nós num contexto de luta pela subida à II Liga.»

«Falámos logo com a administração para ele treinar connosco e também melhorar os índices físicos nos juniores. Mais tarde, a estreia na equipa principal. Lanço o Geny pela primeira vez a titular contra o Sporting Ideal e marcou um golaço. O resto é história», completou.

Calmo no dia-a-dia, o moçambicano prefere falar dentro do campo e não tem medo de encarar os adversários, aspeto várias vezes reforçado por Pedro Russiano.

«É um rapaz bastante reservado, mas simpático e disposto a aprender. A presença de compatriotas como o Bruno Langa e o Geraldo ajudaram na adaptação. Dentro do campo... é diferente. Sem medo de partir para cima de qualquer adversário e gosta de desafios. Mais tarde reencontrei-o no Sporting e ele disse-me, "eu tenho pica é a jogar contra seniores, não nos juniores"», confessou entre risos.

A passagem pelo Amora foi curta e Geny rumou a Alvalade em 2019, apesar de algumas sondagens do outro lado da Segunda Circular.

O antigo técnico tem continuado a acompanhar o «miúdo», destacando também a capacidade de aprendizagem e foco do canhoto, aspetos importantes sob orientação da grande exigência de Rúben Amorim, implacável independentemente de idades.

«O Benfica, até pela proximidade ao Seixal, fez pequenas abordagens, mas nada em concreto. Tenho acompanhado a evolução dele desde que chegou ao Sporting e os empréstimos. As lesões não têm sido amigas, contudo, tem capacidade de ouvir e com bom acompanhamento vai lutar para agarrar a oportunidade.»