Reunião chave do PC chinês para a economia "sem grandes surpresas"

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Diferentes analistas consideraram hoje que a reunião desta semana do órgão dirigente do Partido Comunista Chinês, para definir a orientação económica do país, terminou sem "grandes surpresas", prevendo que Pequim vai manter o rumo atual.

"O comunicado não contém grandes surpresas nem indicações de reformas profundas", escreveu numa nota de análise a empresa de consultadoria Trivium China.

Este documento é apenas uma antevisão do plano detalhado que vai ser publicado nos próximos dias e no qual deverão ser apresentados pormenores sobre as iniciativas propostas, a realizar antes de 2029, lembrou a consultora.

Para Harry Murphy Cruise, da Moody`s Analytics, o comunicado indica continuidade da política económica atual, com ênfase na transição da economia para tecnologia avançada e proteção da segurança nacional e das cadeias de abastecimento.

Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, viu "poucos sinais" de que o encontro tenha gerado "uma grande mudança" na orientação das políticas de Pequim e considerou que "não conseguiu resolver contradições" entre as políticas que visam reforçar a segurança económica e expandir o lado da oferta e as que procuram dar um papel mais importante às forças de mercado e fomentar o consumo interno.

Wang Tao, economista do banco suíço UBS para a China, sublinhou que o comunicado não utilizou a expressão "prosperidade comum", mas que, de qualquer forma, o governo terá "a segurança social e a igualdade como prioridade política".

Quanto à promessa de dar um papel mais importante aos atores do mercado, a Capital Economics observou que o comunicado também fala em "gerir melhor as forças do mercado" e afirmou que o Governo chinês "tem um historial de falar sobre a ideia de permitir um maior dinamismo do mercado, mas depois não o faz na prática".

O jornal de Hong Kong South China Morning Post observou que o mercado "foi desvalorizado", uma vez que o comunicado não lhe atribuiu um "papel decisivo", como em documentos anteriores.

O Partido Comunista Chinês (PCC) aprovou na quinta-feira medidas destinadas a reforçar o poder tecnológico do país e fortalecer a segurança nacional, através da autossuficiência, no final da terceira sessão plenário do 20.º Comité Central.

"O desenvolvimento de alta qualidade é a principal tarefa da construção de um país socialista moderno de uma forma abrangente", lê-se no documento divulgado logo após a reunião.

"A segurança nacional é uma base importante para o desenvolvimento estável e a longo prazo da modernização ao estilo chinês", vincou o comunicado, observando que a "liderança do partido é a garantia fundamental" para alcançar esse objetivo.

"O comunicado sugere que, na prática, os esforços para alcançar os objetivos vão continuar a basear-se principalmente na canalização de recursos para setores favorecidos, como a indústria de alta tecnologia, reduzindo gradualmente o papel das indústrias em declínio, como o imobiliário", escreveu Evans-Pritchard.

O analista defendeu que a política industrial da China está a "fazer mais mal do que bem" ao exacerbar os desequilíbrios entre a oferta e a procura, as pressões deflacionistas e os encargos financeiros.

Para o especialista, os objetivos de Pequim não são "puramente económicos", como demonstram as 16 menções ao termo "segurança", contra seis no comunicado da terceira sessão plenária de 2013.

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