Revolução económica: código de barras começou a ser usado há 50 anos

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Hoje é absolutamente banal, e universal, que o registo de produtos em todos o comércio seja através da leitura de um código de barras. Mas quando esta tecnologia surgiu, há 50 anos, foi toda uma revolução no comércio e na indústria.

As barras que também mudaram o mundo

O código de barras é uma invenção simples, mas revolucionária, que transformou a maneira como o comércio e a economia global operam. Hoje, é difícil imaginar um mundo sem os pequenos padrões de barras que vemos em praticamente todos os produtos de consumo.

No entanto, este símbolo familiar tem uma história fascinante e um impacto profundo no desenvolvimento do comércio e na eficiência dos sistemas económicos globais.

A ideia do código de barras surgiu em 1948, quando Bernard Silver, um estudante de engenharia, ouviu o presidente de uma empresa de alimentação expressar a necessidade de um sistema que conseguisse automaticamente ler as informações dos produtos durante o processo de venda.

Silver e o seu colega, Norman Joseph Woodland, dedicaram-se à tarefa e desenvolveram o primeiro conceito de código de barras. A primeira versão era inspirada no código Morse, com linhas de diferentes espessuras representando informações numéricas.

O código de barras “bull's-eye” introduzido na patente de Woodland e Silver de 1949. Instituto de patentes e marcas registadas dos EUA.

O protótipo inicial utilizava tinta fluorescente e precisava de uma luz ultravioleta para ser lido, mas o sistema mostrou-se impraticável. Mais tarde, Woodland inspirou-se nos sulcos de um disco de vinil e desenhou uma série de círculos concêntricos, que formavam uma espécie de "alvo".

Só em 1973 que o padrão de barras que conhecemos hoje foi adotado oficialmente, depois de ser padronizado pela indústria, sendo conhecido como o Universal Product Code (UPC).

E tudo mudou. O primeiro código de barras comercialmente lido foi digitalizado em 1974, num supermercado da cidade de Troy, Ohio, nos Estados Unidos, num pacote de chicletes da marca Wrigley’s. Desde então, o código de barras tornou-se um padrão global na identificação de produtos.

Factos interessantes sobre os códigos de barras

Os códigos de barras na sua forma moderna foram inventados por Bernard Silver e  Norman Joseph Woodland em 1949, mas só foram patenteados em 1952. Mais de 10 anos antes dos supermercados, a indústria ferroviária dos EUA foi a primeira a adotar a tecnologia. Os primeiros códigos de barras foram utilizados para marcar vagões ferroviários de mercadorias e eram lidos por scanners fixos na via. Os primeiros leitores de códigos de barras foram fabricados pela organização Spectra Physics e o leitor modelo A pesava 50 kg, tinha 8 placas de circuito impresso e custava 12.500 dólares (em 1974!). Códigos de barras no espaço. As etiquetas de código de barras foram parar ao espaço. Será por isso que os filmes do Star Trek gostam de ter muitos leitores de códigos de barras na ponte da Enterprise?

A revolução no comércio

A implementação do código de barras transformou radicalmente a forma como as empresas gerem o inventário e o processo de checkout nos pontos de venda. Antes da sua introdução, os trabalhadores tinham de registar manualmente cada item vendido, um processo demorado e suscetível a erros.

Com o código de barras, a leitura dos produtos tornou-se rápida e precisa, permitindo que as empresas gerissem o stock de forma muito mais eficiente.

Além de acelerar o processo de venda, o código de barras também permitiu que as empresas reduzissem os custos operacionais. Com a automação do checkout e o acompanhamento em tempo real dos níveis de inventário, as lojas passaram a poder gerir melhor os seus recursos, minimizar perdas e melhorar a disponibilidade de produtos para os consumidores.

A adoção do código de barras também trouxe avanços na logística e no transporte de mercadorias. Com ele, tornou-se possível rastrear produtos desde o ponto de produção até ao ponto de venda, aumentando a transparência e a eficiência da cadeia de abastecimento.

Este sistema de rastreamento facilitou o desenvolvimento do comércio internacional, permitindo que as empresas gerissem com precisão a movimentação de bens entre diferentes países.

Impacto na economia global

O impacto do código de barras na economia global é profundo. Ao melhorar a eficiência operacional, o código de barras ajudou a reduzir os custos de produção e distribuição, o que por sua vez se traduziu em preços mais baixos para os consumidores e em margens de lucro mais elevadas para as empresas. A sua influência estende-se para além do retalho, abrangendo sectores como a saúde, a indústria automóvel, a tecnologia e até a agricultura.

Na área da saúde, por exemplo, é amplamente utilizado para rastrear medicamentos e equipamentos médicos, reduzindo o risco de erros e melhorando a segurança do paciente. Já na indústria automóvel, permite o rastreamento preciso de peças e componentes, facilitando a manutenção de veículos e a produção em série.

A padronização do código de barras e a sua aceitação global facilitaram a integração de sistemas de informação, contribuindo para a globalização dos mercados e para a interdependência das economias. Hoje, é uma parte fundamental da infraestrutura de comércio global, utilizada por milhões de empresas em todo o mundo.

Evolução e o QR Code

Embora o código de barras continue a ser amplamente utilizado, o desenvolvimento da tecnologia trouxe novas formas de identificação e rastreamento, como os códigos QR e as etiquetas RFID (identificação por radiofrequência). No entanto, o código de barras permanece relevante devido à sua simplicidade, baixo custo e universalidade.

À medida que as tecnologias de rastreamento e identificação continuam a evoluir, o código de barras pode sofrer adaptações ou ser complementado por novas tecnologias. No entanto, o seu papel na história do comércio global é indiscutível e continua a ser uma ferramenta vital para empresas em todo o mundo. Ao longo destas cinco décadas, ajudou a criar o mundo interligado que conhecemos hoje.

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