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A posição é defendida por um alto funcionário europeu que, em declarações num 'briefing' de antevisão do encontro de alto nível, afirmou que a vinda de António Guterres a Bruxelas "é ainda mais relevante, tendo em conta a situação no terreno e a pressão a que as Nações Unidas têm estado sujeitas".
Dadas as recentes acusações contra funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), de alegado envolvimento ainda não confirmado nos ataques perpetrados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em outubro passado, a mesma fonte europeia salientou que caberá a António Guterres "explicar o que tem sido feito" no apoio humanitário à Faixa de Gaza.
Numa altura de risco iminente de fome em Gaza, na sequência dos bombardeamentos e dos impedimentos por parte de Israel para a passagem de ajuda humanitária para o enclave palestiniano, os líderes dos 27 da UE vão discutir na quinta-feira com Guterres a situação vivida no território, controlado pelo Hamas desde 2007.
Segundo um rascunho das conclusões do encontro, a que a Lusa teve acesso, o Conselho Europeu vai pedir "uma pausa humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo duradouro", bem como um "acesso humanitário pleno, rápido, seguro e sem entraves à Faixa de Gaza e a todo o seu território, por todas as vias".
Afirmando-se "chocado com a perda sem precedentes de vidas civis e com a situação humanitária crítica", o Conselho Europeu vai ainda defender "medidas imediatas para evitar novas deslocações da população e proporcionar-lhe abrigo seguro, a fim de garantir a proteção permanente dos civis".
Estas conclusões ainda terão de ser aprovadas pelos 27 chefes de Governo e de Estado da UE, mas um alto responsável europeu revelou haver "amplo apoio" à formulação, após anteriores divergências na UE sobre apelos a pausas ou a um cessar-fogo.
"Nesta fase, as conclusões são apoiadas por uma esmagadora maioria, mas é claro que precisamos de afinar o texto (...) e não consigo afirmar se vamos conseguir um acordo", indicou.
Já outra fonte comunitária disse que esta é a questão que causará maior divergência na cimeira europeia, dadas as diferentes posições dos Estados-membros sobre o conflito no Médio Oriente, admitindo-se muita discussão, como aconteceu em anteriores cimeiras europeias. A diferença agora é a situação crítica no terreno.
Perante as atuais tensões geopolíticas, os líderes da UE vão também debater uma "grande mudança na abordagem à defesa" do espaço comunitário, nomeadamente para futuro financiamento através do Banco Europeu de Investimento para produtos de dupla utilização, segundo uma fonte comunitária.
No rascunho das conclusões, salienta-se que "o aumento da prontidão da defesa e o reforço da soberania da União exigirão esforços adicionais", com os líderes a pedirem mais investimento, financiamento público e privado e ações conjuntas.
A invasão russa da Ucrânia, que já entrou no terceiro ano, será outro assunto em agenda, com o rascunho das conclusões a indicar que a UE "está determinada a continuar a prestar à Ucrânia e ao seu povo todo o apoio político, financeiro, económico, humanitário, militar e diplomático necessário, durante o tempo que for preciso e com a intensidade que for necessária".
Nesta ocasião, será ainda debatido o alargamento da UE, esperando-se que os líderes deem aval à abertura de negociações formais de adesão com a Bósnia-Herzegovina, segundo o rascunho das conclusões.
Contudo, de acordo com fontes europeias, esta 'luz verde' não está garantida, já que alguns países exigem que, para isso acontecer, devem existir avanços no quadro de negociações formais de adesão com a Ucrânia e Moldova, no qual ainda se está a trabalhar.
Esta poderá ser a última cimeira em que Portugal é representado pelo primeiro-ministro António Costa, estando prevista a transmissão de um vídeo de despedida para assinalar a ocasião.
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