Rosa Carvalho exibe em Lisboa mais de 200 obras nascidas 'Às Escuras'

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Com curadoria de Isabel Carlos, a mostra, que integra ainda objetos tridimensionais, acontece mais de uma década depois da última exposição individual da artista, realizada em Bruxelas, e ficará patente no Museu Vieira da Silva até 7 de outubro, segundo esta entidade.

Nascida em Lisboa, em 1952, Rosa Carvalho estudou Artes Plásticas na Universidade de Lisboa, e no seu trabalho de pintura figurativa, desde meados dos anos 1980, estão presentes temáticas da paisagem e referências à história da arte antiga, recorda o texto de apresentação da exposição.

A artista visita a pintura clássica para fazer a releitura de uma das suas temáticas mais recorrentes: a representação da mulher e do corpo feminino na história da arte, conjugando a paisagem, a pintura religiosa, mitológica e onírica com as influências surrealistas, maneiristas e barroca, numa obra intelectual, crítica e irónica.

Nos últimos anos, Rosa Carvalho iniciou uma outra linha de trabalho: a construção de pequenas maquetes-esculturas de paisagens feitas com materiais reciclados e com o que está à mão, como caixas de cigarrilhas, caixas de madeira, redomas de vidro, "num processo de reciclagem e transformação de materiais e objetos, e o recurso às miniaturas --- pessoas, árvores, casas --- usadas para os modelos miniaturas dos comboios elétricos".

"A artista pinta numa sala sem janelas, sem contacto com o exterior, sem luz natural, na escuridão: a tela é somente iluminada pela luz do projetor, sem ver claramente as cores das tintas que estão ao lado e que vai buscando às cegas, só se revelando quando já estão vertidas no suporte da tela ou do papel", descreve a curadoria sobre o título da mostra.

"Às Escuras" revela o processo de criação da artista, "mas também um retrato poderoso de um mundo em que hoje vivemos, potencialmente apocalíptico na existência de múltiplas guerras, nos desastres naturais cada vez mais comuns, na emergência climática", perante os quais "esperamos que depois da escuridão se encontre a luz", aponta Isabel Carlos.

A exposição está inserida na parceria existente há uma década entre a Fundação Arpad Szenes -- Vieira da Silva e a Fundação Carmona e Costa, e é a primeira que se realiza depois da morte da fundadora, galerista e colecionadora Maria da Graça Carmona e Costa (1932-2024), que foi membro ativo do conselho de patronos do museu.

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