RTP. "Saída do mercado publicitário significa perda de relevância"

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Futuro dos Media

08 out, 2024 - 15:23 • Filipa Ribeiro

Administrador Nicolau Santos fala em perda de relevância com fim da publicidade na RTP e garante que rescisões vão ser todas voluntárias. Do lado dos privados, o cónego Paulo Franco, da administração do Grupo Renascença, defende menos taxação no serviço público feito pelos órgãos de comunicação.

"Um serviço público mais fraco é uma democracia mais fraca." O presidente do Conselho de Administração da RTP criticou algumas das medidas que o Governo apresentou para os media e que afetam o canal público, recordando que este tem servido de mediador no mercado publicitário. Para Nicolau Santos, a saída da RTP do mercado de publicidade "significa uma perda de relevância da RTP".

Em contrapartida, Pedro Morais Leitão, CEO do Grupo Media Capital, Francisco Pedro Balsemão, administrador do grupo Impresa, e Luís Santana, do Grupo Media Livre, falam num "dia histórico" e em "coragem" do Governo para avançar com o novo plano de reestruturação da RTP.

Na conferência "O Futuro dos Media", que decorreu esta terça-feira no Pestana Palace, em Lisboa, Nicolau Santos reagiu também ao plano de rescisão de contratos, através de pré-reforma, com 250 trabalhadores da RTP, realçando que as rescisões serão feitas de forma "voluntária".

O administrador da RTP sublinha que o programa de reestruturação foi discutido com o Governo e que só pode ser feito com a autorização do executivo. Nicolau Santos diz concordar com esta parte do programa do Governo, uma vez que é necessário "pensar que o perfil de trabalhadores da RTP tem de ser alterado, de forma a baixar a média de idades". E acrescenta que é necessário contratar profissionais com capacidades no digital.

No mesmo painel, o cónego Paulo Franco, presidente do conselho de administração do grupo Renascença, defendeu uma descida das taxas aplicadas ao serviço público feito por privados. Paulo Franco realçou que nas redações de grupos privados é feito serviço público e, por isso, acredita "que nos centros de custo deve haver atenção fiscal diferente".

Uma decisão nesse sentido, defende Paulo Franco, "é possível e é justa".

Em relação ao que falta entre as 30 medidas apresentadas pelo Governo, Pedro Morais Leitão, da Media Capital, realça que ficam por tratar questões relacionadas com a distribuição da televisão por TDT, realçando que o modelo "cria destruições entre os produtores de televisão e os distribuidores".

Quanto aos problemas ligados à desinformação, Luís Santana, do Grupo Media Livre, defende que é necessário ir mais longe, "ao ponto de criminalizar os que usam os conteúdos (produzidos pelos media) de forma abusiva".

Cristina Soares, administradora executiva do Público, referiu-se às dificuldades com o mercado publicitário como "uma equação difícil de resolver", realçando que, "de 2019 a 2022, a internet dos meios nacionais cresceu 10 milhões, a dos meios globais mais de 50 milhões, e a imprensa desceu 30 milhões de euros". A administradora defendeu ser necessário encontrar soluções como trabalhar "muito" a questão da literacia e pirataria.

Cristina Soares defendeu ainda que é necessária regulamentação para as plataformas digitais, alertando que há "concorrência desleal".

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