Rússia deteve mulher por escrever 'não à guerra' em boletim de voto

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Um tribunal russo condenou, esta quarta-feira, uma mulher a oito dias de prisão por ter escrito 'não à guerra' num boletim de voto durante as eleições presidenciais do país, num claro protesto contra a campanha do presidente Vladimir Putin na Ucrânia.

O sufrágio foi marcado pela falsificação de boletins de voto. Entretanto, Putin avisou, no seu discurso de vitória, que os russos que o fizeram "têm de ser tratados".

O tribunal distrital de Dzerzhinsky, em São Petersburgo, ordenou que Alexandra Chiryatyeva fosse detida por oito dias e multada em 40 mil rublos (399 euros).

A mulher foi declarada culpada de hooliganismo e de "desacreditar as forças armadas russas".

"Chiryatyeva pegou numa cédula de voto e, com um marcador vermelho, escreveu 'não à guerra' na parte de trás da mesma, antes de a colocar na urna de voto. Desta forma, Chiryatyeva danificou o património do Estado e desacreditou as forças armadas russas", , afirmou o tribunal.

O ato de Chiryatyeva ocorreu no último dos três dias de eleições, altura em que os grupos da oposição russa apelaram à realização de protestos contra a reeleição - inevitável - de Putin.

De recordar que Putin foi reeleito, no domingo, para um quinto mandato. Aquelas que foram as primeiras eleições desde a invasão russa da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022, e que já previam a vitória de Putin, ficaram marcadas por vários protestos e pela confirmação de que o opositor russo Alexei Navalny morreu pouco tempo antes de ser libertado numa troca de prisioneiros.

O chefe de Estado foi reeleito com 87,8% dos votos, sendo esta a margem de vitória mais elevada de sempre. Nas presidenciais de 2018, quando a participação dos eleitores chegou aos 67,5%, Putin conseguiu 76,7% dos votos.

Os três candidatos derrotados por Vladimir Putin reconheceram a vitória do atual presidente, quando apenas 52% dos boletins tinham sido contabilizados. Em segundo lugar, ficou o candidato comunista, Nikolai Kharitonov, que teve 4% dos votos, seguido de Leonid Slutsky, do nacionalista Partido Liberal Democrata, e Vladislav Davankov, do Novo Partido Popular.

No seu discurso de vitória, Putin advertiu que a Rússia não se vai deixar intimidar pelos adversários. "Não importa quem nos quer intimidar ou quanto, não importa quem nos quer esmagar ou quanto (...), nunca ninguém conseguiu fazer nada assim na história. Não funcionou hoje e não vai funcionar no futuro", disse, citado pela imprensa russa.

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