Rússia e Liga Árabe apelam aos EUA para não bloquearem votação sobre Gaza da ONU

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"Esperamos que o Conselho de Segurança (da ONU) vote esta resolução e que não haja veto dos EUA. Os árabes esperam que os Estados Unidos compreendam que se esgotou a paciência internacional com as práticas israelitas", afirmou Hossam Zaki, secretário-geral adjunto da Liga Árabe.

Zaki falou em conferência de imprensa conjuntamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Nasser Burita, no final do Fórum Árabe-Russo em Marrocos.

Durante a conferência, Zaki sublinhou a importância de uma resolução vinculativa do Conselho de Segurança para estabelecer um cessar-fogo, em vez de "entendimentos bilaterais que podem mudar".

Lavrov alertou para as tentativas dos parceiros ocidentais, que não nomeou, de "avançar para projetos de separação entre a Cisjordânia e Gaza, adiando assim a solução de criação de um Estado palestiniano", acrescentando que o seu país "rejeita" essas tentativas.

Em 08 de dezembro, no seguimento de um pedido inédito do secretário-geral da ONU, António Guterres, de uma reunião do Conselho de Segurança, os Estados Unidos vetaram a adoção de uma resolução apelando para um "cessar-fogo humanitário imediato" na Faixa de Gaza, onde o exército israelita continua a sua ofensiva intensiva, em retaliação ao ataque sangrento sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas.

Na semana passada, a Assembleia-Geral da ONU aprovou esta mesma resolução, mas de forma não vinculativa, por 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções, num total de 193 estados-membros.

Com este apoio esmagador, os países árabes anunciaram uma nova tentativa no Conselho de Segurança, mas o resultado é incerto.

Um projeto de texto preparado pelos Emirados Árabes Unidos, obtido pela France-Presse no domingo, apela para "uma cessação urgente e duradoura das hostilidades para permitir o acesso desimpedido da ajuda humanitária à Faixa de Gaza".

A votação estava inicialmente prevista para segunda-feira, mas tem sido sucessivamente adiada enquanto se arrastam as negociações.

Questionado sobre a possibilidade de uma abstenção norte-americana no Conselho de Segurança, para permitir a adoção do texto, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, disse na segunda-feira que não queria especular, atendendo a que se estava "no meio do processo de negociação".

As resoluções do Conselho de Segurança são vinculativas, mas frequentemente ignoradas pelos países envolvidos.

Na primeira tentativa, os EUA afirmaram o reconheciam do direito de Israel a defender-se e, na segunda, exigiram a libertação de todos os reféns detidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas, como condição para o fim dos combates.

Na sequência do ataque do braço armado do Hamas, a 07 de outubro, que causou mais de 1.200 mortos e mais de 240 de reféns do lado israelita, Israel declarou estado de guerra e lançou uma ofensiva militar por terra, mar e ar contra o enclave palestiniano que, até agora, causou mais de 19.600 mortos e mais de 52.500 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

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