A resolução foi apresentada de forma conjunta por todos os 11 membros do Conselho de Supervisores de São Francisco, a assembleia municipal da cidade, e aprovada por unanimidade.
"Esta resolução histórica pede desculpas em nome de São Francisco à comunidade afro-americana e aos seus descendentes por décadas de discriminação sistémica e estrutural, atos de violência seletivos, atrocidades", disse o deputado e antigo presidente do Conselho Shamann Walton.
Walton garantiu que a instituição "se compromete com a retificação e reparação pelas políticas e iniquidades do passado".
São Francisco, com mais de 808 mil habitantes, é a segunda grande cidade dos EUA, a seguir a Boston (nordeste), a pedir desculpa aos afro-americanos. Nove estados já pediram desculpas formalmente pela escravatura, de acordo com a resolução.
"Temos muito mais trabalho a fazer, mas este pedido de desculpas é certamente um passo importante", notou Walton, o único membro negro do Conselho.
Esta foi a primeira das mais de 100 propostas feitas por uma comissão municipal de São Francisco a ser aprovada.
A comissão propôs também que cada adulto negro elegível recebesse um pagamento único em dinheiro de cinco milhões de dólares (4,6 milhões de euros) e um subsídio para garantir um rendimento mínimo anual de 100 mil dólares (92.200 euros) para minimizar a profunda desigualdade racial em São Francisco.
A presidente da Câmara de São Francisco, a afro-americana London Breed, disse acreditar que as compensações devem ser tratadas a nível nacional. A autarquia, que enfrenta uma crise orçamental, cortou este ano as verbas para um gabinete de compensações.
Os negros representam 38% da população sem-abrigo de São Francisco, apesar de representarem menos de 6% da população em geral, de acordo com uma contagem federal de 2022. Existem cerca de 46 mil residentes negros em São Francisco.
Em 2020, a Califórnia tornou-se o primeiro estado dos EUA a criar uma comissão sobre compensações.
A comissão, dissolvida em 2023, também fez inúmeras recomendações políticas, incluindo sobre métodos para calcular pagamentos em dinheiro a descendentes de antigos escravos.
O parlamento da Califórnia está atualmente a discutir uma lei de compensações, que inclui a indemnização pelo confisco de terrenos por parte do Governo, a criação de uma agência estatal de compensações e a proibição do trabalho forçado nas prisões.
No último 25 de abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que Portugal deve um pedido de desculpa, mas que acima de tudo deve assumir plenamente a responsabilidade pela exploração e pela escravatura no período colonial.
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