Secretário de Estado da Digitalização alerta para “risco pernicioso de utilização maciça da IA” sem literacia digital

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O uso da IA “obriga a que tenhamos uma literacia digital que nos permita compreender quando ela pode ajudar ou, eventualmente, assustar, porque entra facilmente em derrapagem ou em alucinação, como se designa nesta terminologia”, defendeu Mário Campolargo, sublinhando que, da mesma forma que as tecnologias significam oportunidades para a sociedade, podem também trazer efeitos nefastos.

O Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa alertou hoje, enquanto orador convidado da Aula Magistral 2023/2024 do ISAG – European Business School (ISAG-EBS), para a importância da literacia digital aquando da utilização da Inteligência Artificial (IA).

O uso da IA “obriga a que tenhamos uma literacia digital que nos permita compreender quando ela pode ajudar ou, eventualmente, assustar, porque entra facilmente em derrapagem ou em alucinação, como se designa nesta terminologia”, defendeu Mário Campolargo, sublinhando que, da mesma forma que as tecnologias significam oportunidades para a sociedade, podem também trazer efeitos nefastos.

“A utilização maciça da IA pode ter um risco pernicioso, que é mudar a maneira como pensamos, porque efetivamente vai acrescentar àquilo que conhece de nós um viés que nos pode formatar para um determinado conjunto de perceções e entendimentos da sociedade. Já todos ouvimos falar nos problemas de desinformação, de discurso de ódio e de outros”, analisou o governante, citado em nota de imprensa, levantando o caso da Cambridge Analytica a pouco tempo das eleições legislativas, para o governo regional dos Açores e para o Parlamento Europeu (PE).

“Introduzimos fatores que criam uma bolha virtual à nossa volta, que nos atraem para um centro de interesses comuns e o nosso pensamento deixa de ser aberto e exposto aos contactos naturais que temos, passando a ser influenciados por um conjunto de pensamentos semelhantes e, na maior parte das vezes, pela analítica de dados e cada vez mais pela IA”, acrescentou.

Mário Campolargo, que foi diretor-geral da DIGIT – Direção-geral de Informática da Comissão Europeia, sublinhou o papel de liderança da Europa no processo de regulação, recordando o acordo provisório alcançado pelo Conselho Europeu sobre a lei relativa à IA para assegurar que os sistemas com essa tecnologia são seguros e respeitam os direitos fundamentais.

Nas palavras do Secretário de Estado, “não se regula a tecnologia, porque ela foge-nos das mãos e envolve a cada momento”. “O foco da regulação a nível europeu assenta precisamente nos riscos da utilização dessa própria tecnologia, na forma como garantimos que os impactos que a IA tem na sociedade são categorizados nesta lógica de que alguns são inaceitáveis, e logo proibidos, e outros são meros facilitadores e com os quais posso viver”, analisou.

Sublinhando que “a IA veio para ficar e vai ocupar um lugar cada vez mais importante na sociedade, na economia e nas nossas decisões”, Mário Campolargo alerta que, na ausência de “literacia digital” incorrer-se-á “sempre numa utilização meramente passiva da tecnologia à disposição, sem uma capacidade de intervenção e de acrescentar valor à sociedade e ao trabalho em particular”.

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