"Senhor Macron, já falou demais e é preciso agir em conformidade com os franceses"

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Os franceses prosseguem esta quinta-feira com a nona jornada de greve contra a reforma do sistema de pensões. São esperados entre 600.000 e 800.000 manifestantes, tendo sido anunciadas 320 ações de luta em todo o país. Em Paris, as autoridades esperam entre 40.000 e 70.000 manifestantes.

O dirigente sindical da CGT, Philippe Martinez, fala em "desprezo e escárnio". Já para Laurent Berger, da CFDT, são "mentiras". Estas são as reacções às palavras de Emmanuel Macron, que insiste em não recuar com a reforma das pensões. Para a oposição, o discurso do Presidente francês é mais um motivo para se mobilizar esta quinta-feira nas ruas.

Em Saint Ouen, no norte de Paris, para os trabalhadores do centro de incineração de resíduos, o descontentamento é crescente. Os trabalhadores acompanharam a entrevista de ontem de Emmanuel Macron nos telefones. "Eu tenho outra definição do interesse superior da Nação", reage um trabalhador.

Estes trabalhadores, em greve há três semanas, não esperam por um recuo político por parte do governo francês. "Ele está a brincar e pensa que é mais forte do que nós", afirma Nicolas, químico neste centro de triagem de lixo em Saint Ouen.

"É anedótico. O Presidente francês vai ver-se obrigado a retirar esta reforma quando perceber que estamos todos cansados, descontentes e quando vir que o país está paralisado. O que este governo quer é passar a outra coisa. Eles pensam que esta reforma já passou e está tudo bem, mas quando perceberem que para as pessoas não está tudo bem, vão questionar-se sobre o que podem fazer. Porque o que estão a fazer é só política", acredita.

Quanto à contribuição excecional das grandes empresas aos trabalhadores, Stéphane não está convencido: "É uma manobra de linguagem porque ele não quer cobrar mais impostos (às grandes empresas). Ele usou as palavras contribuições excecionais como elemento de linguagem para dizer que faz parte da sua estratégia, mas não vai mudar nada."

Stéphane pede resultados visíveis: "Estão a atirar areia para os olhos, mas são precisos factos. Senhor Macron, são preciso factos porque as palavras... já falou demais e é preciso agir, e agir em conformidade com os franceses."

Estes trabalhadores saem para a rua esta quinta-feira, onde são esperados ainda mais manifestantes do que nos anteriores protestos sociais.

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