Volker Türk apelou para o envio urgente de uma missão multinacional de apoio à sobrecarregada polícia nacional haitiana, sublinhando que "a realidade é tal que, no atual contexto, não existe alternativa para proteger a vida das pessoas".
A violência dos gangues fez também 692 feridos desde o início de janeiro - "um número chocante", segundo Türk.
Perante uma situação que sofreu uma rápida degradação nos últimos dias, o Conselho de Segurança da ONU realizará hoje uma reunião de emergência.
Na terça-feira, o líder de um gangue garantiu que haverá uma "guerra civil sangrenta" se o primeiro-ministro, Ariel Henry, não se demitir.
Os grupos criminosos, que controlam a maior parte da capital, Port-au-Prince, bem como as estradas que a ela conduzem, atacam há vários dias locais estratégicos do país mais pobre das Caraíbas: a academia de polícia, o aeroporto e várias prisões, de onde conseguiram fugir milhares de reclusos.
O Alto-Comissário da ONU, que conhece bem o Haiti por ter anteriormente trabalhado no país, descreveu um sistema de saúde "à beira do colapso", escolas e empresas encerradas, "crianças cada vez mais exploradas pelos gangues".
"A economia está asfixiada, porque os gangues impõem restrições aos movimentos da população; o principal fornecedor de água potável no Haiti suspendeu as entregas; e pelo menos 313.000 pessoas estão atualmente deslocadas dentro do país", relatou, indignado.