Sobe para cinco número de mortos na manifestação contra Governo queniano

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Segundo um comunicado emitido por várias ONG, incluindo a Amnistia Internacional no Quénia, "pelo menos cinco pessoas foram mortas a tiro (...) e 31 ficaram feridas" durante este dia de mobilização em todo o país contra os planos do Governo para novos impostos, e o aumento de outros, atualmente em debate no parlamento.

As organizações de defesa dos direitos humanos referem que foram disparadas munições reais, balas de borracha e gás lacrimogéneo.

A irmã do Barack Obama, Auma Obama, presente nas manifestações, estava a prestar declarações à CNN quando foi vítima deste gás, que a cegou temporariamente.

Segundo as ONG, nas últimas 24 horas, foram registados 21 raptos por agentes em uniforme ou "à paisana".

Os jornalistas da agência noticiosa France-Presse (AFP), que se encontravam no local, viram três pessoas inconscientes em poças de sangue nos arredores do parlamento, onde um edifício chegou a arder.

A polícia recuperou o controlo do local.

Imagens televisivas gravadas no parlamento mostraram salas saqueadas, mesas reviradas, janelas partidas e móveis fumegantes espalhados pelos jardins.

Três camiões do exército trouxeram reforços para proteger a zona em redor do parlamento.

Também a algumas centenas de metros do parlamento, a polícia estava a usar um canhão de água para apagar um incêndio nos escritórios do governador de Nairobi, de acordo com imagens transmitidas pela Citizen TV.

A principal coligação da oposição, Azimio, acusou o Governo de "desencadear a sua força bruta contra as crianças" do Quénia, que se manifestavam hoje.

Além disso, de acordo com a NetBlocks, uma organização que monitoriza as redes de telecomunicações mundiais, a rede de internet no Quénia foi hoje "significativamente" interrompida, quando a polícia "reprimiu as manifestações", organizadas por jovens a partir das redes sociais.

A organização sublinhou que as autoridades tinham afirmado, na véspera, que não iriam bloquear a internet.

A tensão aumentou durante o dia no distrito central de negócios de Nairobi (CBD) para esta terceira manifestação em oito dias por um movimento apelidado de "Ocupar o Parlamento", que se opõe ao projeto de orçamento 2024-25 e aos novos impostos aí previstos.

Os primeiros confrontos eclodiram por volta do meio-dia (10:00 em Lisboa), depois de os manifestantes terem avançado para uma zona que alberga vários edifícios oficiais e entrarem no parlamento, onde os deputados tinham acabado de aprovar alterações ao texto, que deverá ser votado até 30 de junho.

Os jovens protestam contra o que se prevê ser a introdução de novos impostos, incluindo um IVA de 16% sobre o pão e um imposto anual de 2,5% sobre os veículos privados.

O Governo anunciou, em 18 de junho, que retirava a maior parte das medidas, mas os manifestantes prosseguiram o seu protesto, exigindo a retirada da totalidade do texto.

Para os manifestantes, esta é uma manobra do Governo, que tenciona compensar a retirada de certas medidas fiscais com outras, nomeadamente um aumento de 50% do imposto sobre os combustíveis.

O Quénia, um país da África Oriental com uma população de cerca de 52 milhões de habitantes, é uma potência económica na região.

Todavia, o país registou uma inflação anual de 5,1% em maio, com os preços dos alimentos e dos combustíveis a aumentarem 6,2% e 7,8%, respetivamente, de acordo com o Banco Central.

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