Sobrevivente do Holocausto: 'Shoah' começou com "silêncio da sociedade"

7 meses atrás 97

"A 'Shoah' não começou com Auschwitz. Começou com palavras... Começou com o silêncio da sociedade e com o afastar do olhar", disse a sobrevivente de 91 anos, na habitual iniciativa no 'Bundestag' para assinalar, a libertação a 27 de janeiro de 1945 do campo de extermínio de Auschwitz, na Polónia ocupada, onde milhões de pessoas foram mortas pelos nazis.

Sobre o 7 de outubro, a sobrevivente notou ter sido o dia "em que ocorreu o ataque mais mortífero contra os judeus desde a Shoan", numa referência à investida sem precedentes lançada pelos islamitas palestinianos do Hamas sobre Israel, provocando cerca de 1.200 mortos e mais de 200 reféns.

Nascida em Budapeste em 1932 en Budapest e com 12 anos a sobreviver a Auschwitz, Eva Szepesi expressou o desejo de a sociedade não optar pelo silêncio ante comentários antisemitas até porque "os que calam são cúmplices".

Depois de apelar à libertação dos sequestrados em outubro 7, a sobrevivente notou como a sua vida na Alemanha tem sido marcada pelo aumento de medidas de segurança, um aumento de incidentes antisemitas, por medos, por diálogos que começam com "sim, mas" ou por um "ensordecedor silêncio" da sociedade.

"Sei que transmiti o trauma da Shoah aos meus filhos, netos e bisnetos. Mas agora têm que experenciar, de forma real, estes medos existenciais. Dói-me muito", lamentou a sobrevivente, que agradeceu ao governo alemão a solidariedade com Israel depois do ataque do Hamas e acrescentou também o receio dos votos nos partidos de extrema-direita.

Esses partidos "não se devem fortalecer tanto que coloquem em perigo a democracia". "Estamos perto", avisou.

Na mesma sessão, o jornalista desportivo Marcel Reif, nascido em 1949 na Polónia, filho de um sobrevivente do Holocausto que foi resgatado no último minuto de um comboio de deportação.

Na sua família, porém, houve muitas outras vítimas, mas o seu pai, relatou, nunca contou experiências traumáticas, num silêncio que serviu para proporcionar uma "infância protegida, livre de fardos e despreocupada" numa Alemanha com "preocupações e problemas de um desdobramento do milagre económico do pós-guerra".

Só conheceu a história do seu pai depois da morte da mãe.

Também Szepesi notou como levou meio século até verbalizar as suas experiências durante o Holocausto, mas que, desde então, tornou sua a missão de "falar em nome dos que já não o podem fazer".

Por seu lado, a presidente do parlamento alemão, Bärbel Bas, referiu a onda de antisemitismo após os ataques do Hamas e notou que o registo de mais de 2.000 crimes antisemitas, ou seja "um crime quase a cada hora".

"Este surto de antisemitismo é uma vergonha para o nosso país. A Alemanha não debe calar-se sobre isso e não o fará", garantiu a responsável, que reiterou a sua solidariedade com a comuniade judaica e sublinhou ser tarefa de todos nunca mais deixar acontecer um outro Holocausto.

Após o 7 de outubro, em represália, Israel lançou uma ofensiva no território palestiniano que causou mais de 26 mil mortos, segundo dados das autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas desde 2007.

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