O estudo da empresa Ipsos para o centro de estudos UK in a Changing Europe foi realizado a partir de uma sondagem a 12.500 pessoas no Reino Unido, França, Itália, Suécia, Polónia, Croácia e EUA, sete dos 81 países onde estão previstas ou já se realizaram eleições este ano, incluindo aquelas para o Parlamento Europeu.
Segundo o estudo, entre 31% e 57% não se reconhecem em qualquer partido com grande representação parlamentar ou que esteve no poder nos últimos 15 anos, com exceção da Suécia, onde 85% consideram que as opiniões e prioridades são representadas por pelo menos um dos grandes partidos nacionais.
O número de descrentes nos principais partidos é particularmente de elevado na Croácia (57%).
Estas pessoas tendem a ser mais jovens e a ter níveis de educação mais baixos, mas não há uma divisão clara por género ou em termos de orientação política, segundo o diretor de estudos políticos da Ipsos no Reino Unido, Gideon Skinner.
A sondagem descobriu que em todos os sete países, mais de metade dos inquiridos considera que o respetivo governo nacional não está a fazer um bom trabalho e cerca de 50% estão descontentes com a democracia, com exceção da Suécia (20%).
"O nível de satisfação é particularmente baixo entre as pessoas que não se sentem representadas por um dos principais partidos", adiantou Skinner, durante um seminário intitulado "Os políticos e o povo: Democracia e representação em ano de eleições".
Como pontos positivos, destacou que, apesar de apenas 37% em média estarem satisfeitos com a democracia a nível local, o valor é mais elevado do que a percentagem de pessoas insatisfeitas.
Dos inquiridos, acrescentou, 55% continuam a preferir um líder político que esteja preparado para chegar a compromissos para construir consensos e 51% consideram arriscado dar mais poder ao líder do país.
Mas Skinner considera preocupante que a maioria dos inquiridos nos sete países pensa que é necessária uma mudança radical nos sistemas políticos, incluindo na Suécia.
As pessoas que não se sentem representadas por partidos políticos e que, por isso, têm menos a perder, são mais favoráveis a uma mudança radical porque estão menos preocupadas com os riscos.
"Neste grande ano de eleições, há grandes questões que se colocam à democracia em termos de opinião pública", vincou o analista, que apontou para os níveis generalizados de falta de confiança nos políticos.
Skinner referiu que, "mesmo que muitos dos princípios continuem a ser apoiados, existem muitas críticas sobre a forma como a democracia se concretiza na prática, particularmente entre os grupos não representados".
"Esta minoria substancial está cada vez mais desinteressada e mais aberta a mudanças radicais", avisou.
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