Sondagens refletem descontentamento em relação a Macron

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Segundo uma sondagem divulgada na quarta-feira pelo jornal francês Challenges, o partido de Macron (Renascimento, liderado por Valérie Hayer), tem 18% das intenções de voto, muito atrás do partido de extrema-direita União Nacional (30%), e é seguido de perto pela plataforma de Glucksmann, que junta o Partido Socialista e o Place Publique (13%).

O investigador Victor Pereira, do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova, salienta o caráter "bastante europeísta" da plataforma de Glucksmann, a par do seu caráter agregador, numa esquerda "fraca em termos de votos e também dividida por várias listas".

De acordo com Gilles Fincheslstein, diretor-geral da Fundação Jean-Jaurès, "20% dos eleitores que votaram em Emmanuel Macron na primeira volta das eleições presidenciais de 2022 deverão agora votar numa lista de esquerda - principalmente a liderada por Raphaël Glucksmann".

Em declarações ao Euractiv, Antoine Bristielle, diretor do Observatório de Opinião da Fundação Jean-Jaurès, considerou que "a dinâmica da campanha Glucksmann e a estrutura do seu potencial eleitorado, sintetizando os dececionados de Macron e os desapontados de [Jean-Luc] Mélenchon (fundador do partido França Insubmissa), poderia ser capaz de reconstruir uma social-democracia (...) e gerar um novo equilíbrio de poder na esquerda".

Com a sua popularidade em queda nas sondagens, Macron tem apostado em anúncios em matéria de política social, como a inclusão do direito ao aborto na Constituição, numa abordagem ao eleitorado de centro-esquerda.

À direita, o partido de Macron enfrenta uma crescente ameaça por parte da União Nacional, de Marine Le Pen, principalmente após os comentários do Presidente francês sobre a possibilidade de enviar tropas ocidentais para lutar na Ucrânia no futuro, que provocaram polémica.

Para Victor Pereira, Macron enfrenta "um processo de descontentamento muito forte" visível nas manifestações dos agricultores e da função pública.

O descontentamento com o governo reeleito com maioria relativa, o novo primeiro-ministro, a aproximação dos jogos olímpicos e o aparecimento de movimentos não controlados pelos sindicatos fazem o investigador acreditar que "a vida política e social francesa vai conhecer sobressaltos que podem ter consequências nos votos".

"Muito provavelmente vamos ter talvez, não uma maioria, mas um grande número de deputados franceses que vão juntar-se a grupos de extrema-direita no Parlamento Europeu", o que para o Macron "é problemático", porque "sempre defendeu a Europa e que a União Europeia é parte da solução para a Europa e para a França, para a paz e para o conhecimento", acrescentou Victor Pereira.

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