Sporting-Casa Pia, 2-0 (crónica)

2 horas atrás 17

Ponto prévio. O oitavo triunfo do Sporting em oito jogos desta Liga 2024/25 – o melhor arranque de uma equipa neste século – foi indiscutível. As estatísticas comprovam-no: 77 por cento de posse de bola (eram 86 ao intervalo) e mais de duas dezenas de remates.

O que os números não mostram é que o leão que se apresentou em campo em Alvalade foi, talvez, o menos virtuoso que se viu nos palcos nacionais até agora. A equipa de Ruben Amorim até foi capaz de empurrar o adversário para as imediações da sua grande-área, mas faltou-lhe quase sempre imaginação para o tirar da zona de conforto.

Sim, de conforto porque cedo se percebeu que o Casa Pia estava preparado para jogar recuado, com uma linha defensiva que chegava a ter seis homens e um bloco tão coeso que tornava quase impossível qualquer receção de bola entrelinhas ou infiltrações no último reduto dos gansos, cientes da desproporcionalidade de forças em campo.

Numa noite em que Ruben Amorim promoveu quatro alterações em relação a Eindhoven, o Sporting quase nunca conseguiu ensaiar saídas rápidas para o ataque, pela simples razão de que, quando recuperava a bola, o bloco do Casa Pia estava quase todo posicionado atrás dela.

Daniel Bragança, neste sábado titular, movimentava-se em busca de espaço, Harder fazia diagonais para o meio e Gyökeres não conseguia levar a melhor nos duelos físicos com os defesas contrários.

O Casa Pia parecia viver bem sem bola e o Sporting vivia mal com ela, mostrando – ainda que isso fosse fortemente condicionado pela estratégia dos visitantes – uma incapacidade criativa poucas vezes vista nesta temporada perante adversários nacionais.

Até que, aos 39 minutos, de um rasgo de génio de Francisco Trincão nasceu o golo de Daniel Bragança, que apareceu à entrada da pequena-área para marcar pelo terceiro jogo seguido. Até esse momento, só Conrad Harder tinha ameaçado as redes contrárias e num remate de fora da área, enquanto o Casa Pia, quase sempre incapaz de juntar uma sequência razoável de passes, até tinha ameaçado numa das primeiras jogadas da noite.

Pensar-se-ia que o golo de Bragança poderia lançar o Sporting para um resto de noite tranquilo, mas o Casa Pia manteve-se fiel à estratégia, embora com mais algum arrojo que fez com que a segunda parte, ainda que novamente de sentido único, fosse mais agitada.

Depois de oportunidades de Morita (substituiu Harder ao intervalo) e de Trincão, o leão teve um curto momento em que viu a sua soberania ser ameaçada por Pablo Roberto.

Ainda que este Sporting carregue com ele o conforto de mais de um ano seguido sempre a vencer em Alvalade, nas bancadas não reinava a tranquilidade absoluta que viria a ser alcançada quando Gyökeres cobrou com sucesso um penálti a castigar falta de Kluivert sobre ele.

Sem brilho, sem rasgo, mas indiscutível. Assim se escreveu a oitava vitória nesta Liga do Sporting, que vai para a pausa líder isolado e merecidíssimo de um campeonato no qual arrasa nos dias bons e continua a ganhar até nas noites menos inspiradas.

E é também disso que são feitos os campeões.

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