O facto de se ter verificado “um crescimento mais alto acabou por fazer com que o denominador aumentasse e que levasse a dívida a ficar abaixo dos 100%”, sublinha Filipe Garcia.
O economista Filipe Garcia, da IMF – Informação de Mercados Financeiros, sublinha que “o PIB ajudou” à descida da dívida pública, que em 2023 recuou 13,7 pontos percentuais face a 2022, para os 98,7%. “Termos tido um crescimento mais alto que acabou por fazer com que o denominador aumentasse e que levasse a dívida a ficar abaixo dos 100%”, destaca o economista.
De acordo com Filipe Garcia, para atingir esta redução de dívida o Estado também utilizou algumas das reservas de liquidez que tinha para realizar o pagamento desta, no entanto esta redução foi atingida através, “não da diminuição da dívida líquida, que no fim do dia é o que mais interessa, mas através da diminuição da dívida bruta”.
“Há dois aspetos técnicos que acho que tem de se ver, o facto do denominador ter aumentado e o facto de se ter feito um esforço para se amortizar algumas dívidas e de se chegar ao rácio abaixo dos 100%”. “A parte positiva é que é uma meta simbólica, a trajetória é o mais importante”, realça o economista.
O ano de 2023 teve muitos “ventos favoráveis para que isto acontecesse, nomeadamente o facto de termos tido uma inflação alta, que ajuda sempre a pagar as dívidas. As previsões para 2024 continuam a apontar para um equilibro orçamental e, até eventualmente, se as coisas correrem muito bem, ter um superavit, mas pelo menos um equilíbrio orçamental”.
Para este ano, o economista revela que “a fatura dos juros está controlada, não vamos ter este ano o mesmo impulso da inflação, vai ficar mais baixa, digamos que o PIB nominal não vai subir tanto. O contexto para este ano é um bocadinho pior, as taxas de crescimento real vão ser menores e também como a taxa de inflação vai ser menor, a própria taxa de crescimento do PIB nominal será menor. O que eu espero para este ano é que a dívida se mantenha mais ou menos assim”.
Os dados sobre a dívida são “um bom sinal, já estamos a comparar os níveis de dívida com países como França, o que era algo impensável há uns anos. Sem dúvida nenhuma que é um dos poucos consensos nacionais que tem havido, que isto é algo que a par da boa gestão que o IGCP tem feito, tem sido algo que o país tem vindo a beneficiar, embora não pareça. Muitas vezes não é tangível para os portugueses a importância deste resultado, mas é um aspeto positivo”.