"Penso que o Sudão é extremamente difícil. É uma espécie de exemplo de como todos os tipos de potenciais atores regionais se estão a juntar e a acabar em conflito", afirmou, durante uma conferência organizada pelo Instituto de Relações Internacionais Chatham House em Londres.
Malloch-Brown lamentou que o "respeito por qualquer tipo de abordagem internacional a esta questão seja muito limitado".
"Os Estados do Golfo, o Egito e o Irão terão de aprender à própria custa que é necessário um sistema baseado em regras, mesmo para lidar com o Sudão", vincou.
No entanto, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar e conselheiro do primeiro-ministro, Majed Al-Ansari, questionou o empenho dos países ocidentais, em especial os Estados Unidos, em resolver a situação.
"Estamos a ver que a comunidade internacional, em vez de intervir para mostrar como a ordem internacional baseada em regras pode resolver esta questão, está na verdade a retrair-se e a deixar [o Sudão] entregue a si próprio", acusou.
Por outro lado, disse que "os atores que agora desempenham um papel negativo no Sudão compreendem como funciona a ordem internacional baseada em regras".
"Estão a usá-la em seu proveito porque sabem como pode ser ineficiente", salientou Al-Ansari.
A guerra no Sudão provocou "uma das piores crises humanitárias" no mundo desde há décadas, afirmou hoje o presidente internacional da Organização Não-Governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras, Christos Christou.
A guerra eclodiu em abril de 2023 entre o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa) do seu antigo adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo.
O conflito causou dezenas de milhares de mortos e deslocou mais de nove milhões de pessoas, segundo a ONU.
Os esforços repetidos dos Estados Unidos para pôr fim ao conflito falharam.
Vários países estrangeiros deram o seu apoio a ambos os lados. O Sudão expulsou diplomatas dos Emirados Árabes Unidos por suspeita de apoiarem as RSF, enquanto o Egito, a Turquia e o Irão declararam apoiar o exército.
Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução exigindo o fim do "cerco" de el-Fasher pelas RSF e apelou a "todos os Estados-membros para que se abstenham de qualquer interferência externa".
Na terça-feira, o embaixador do Sudão na ONU acusou os Emirados Árabes Unidos, numa reunião do Conselho, de serem responsáveis pela continuação da guerra. O representante dos Emirados Árabes Unidos rejeitou a acusação.
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