Sunak criticado por piada "transfóbica" com mãe de jovem morta presente

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O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ficou debaixo de fogo depois de, esta quarta-feira, ter feito declarações consideradas “transfóbicas” durante uma sessão na Câmara dos Comuns do Reino Unido que contou com a presença da mãe de Brianna Ghey, a jovem transgénero de 16 anos que foi assassinada num parque de Cheshire, em fevereiro de 2023.

No confronto semanal com os deputados e o líder da oposição, Keir Starmer, Sunak tentou fazer pouco da posição do trabalhista quanto à sua definição de “mulher”, acabando por entrar em conflito devido às metas do governo para reduzir as listas de espera do serviço nacional de saúde britânico.

“Estamos a reduzir as listas de espera para os utentes que aguardam há mais tempo e a fazer progressos, mas é um pouco estranho ouvir falar de promessas vindo de alguém que quebrou todas as promessas pelas quais foi eleito”, começou por dizer Sunak, citado pela Sky News.

E continuou: "Acho que contei quase 30 no ano passado. Pensões, planeamento, pariado, pagamentos do setor público, propinas, cuidados infantis, segundos referendos, definição de mulher - embora, para ser justo, isso tenha sido apenas 99% de um retrocesso."

É que, recorde-se, o líder do Partido Trabalhista disse, no ano passado, que 99.9% das mulheres “não têm pénis”, ao considerar que os direitos das pessoas transgénero não se podem sobrepor aos direitos das mulheres.

Rishi Sunak attempts to attack Sir Keir Starmer over how Labour 'defines a woman' as the mum of Brianna Ghey, a trans teenager who was murdered, was sat in the Commons listening to prime minister's questions

A shocked Sir Keir replies: 'Of all the weeks to say that... Shame' pic.twitter.com/CxW79NJ3Jb

— ITV News Politics (@ITVNewsPolitics) February 7, 2024

Visivelmente chocado, Starmer condenou as afirmações de Sunak, enquanto a oposição clamava “vergonha”.

Isto porque Esther Ghey, a mãe de Brianna Ghey, a jovem transgénero de 16 anos que foi assassinada no ano passado, estava a assistir à sessão. Ainda assim, terá entrado na galeria depois do comentário inicial do primeiro-ministro, segundo a ITV News.

“De todas as semanas para dizer isso – quando a mãe de Brianna [Ghey] está nesta câmara. Vergonha. Desfila como um homem íntegro quando não tem absolutamente nenhuma responsabilidade. Penso que o papel do primeiro-ministro é garantir que cada cidadão deste país se sinta seguro e respeitado; é uma pena que o primeiro-ministro não partilhe esse sentimento”, atirou.

A secretária de imprensa de Sunak assegurou, mais tarde, que o responsável “sempre deixou claro que seus os pensamentos estão com a família de Brianna”, mas acrescentou que “era legítimo apontar o número de retrocessos” de Starmer. Negou, também, que as declarações tenham sido "transfóbicas".

No final da sessão, Sunak não se desculpou pelo comentário, ainda que tenha assinalado que a morte de Brianna foi uma “tragédia indescritível”.

“Como disse no início desta semana, por ter demonstrado a compaixão e a empatia que demonstrou no fim da semana passada, mostrou o melhor da humanidade diante do pior da humanidade, e merece toda a nossa admiração e elogios por isso”, complementou.

Saliente-se que Scarlett Jenkinson e Eddie Ratcliffe, os dois jovens responsáveis pelo homicídio, foram condenados a prisão perpétua, na sexta-feira passada.

Jenkinson terá de cumprir um mínimo de 22 anos de prisão antes de poder requerer a sua libertação. Ratcliffe, por sua vez, foi sentenciado a uma pena mínima obrigatória de 20 anos.

O homicídio ocorreu quando os agora condenados tinham 15 anos de idade Se Jenkinson foi motivada por "um profundo desejo de matar", a motivação de Ratcliffe estará ligada, em parte, à sua hostilidade contra a identidade transgénero da vítima, segundo disse a juíza responsável pela condenação.

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