Superliga Europeia? «O Real e o Barcelona podem jogar dez vezes entre si se quiserem»

3 meses atrás 67

Diederick Dewaele, da European Clubs Association (ECA), esteve em Braga, esta quinta-feira, para participar no Future Stage - SC Braga Sports Congress. O representante da ECA integrou um painel sobre o futuro das competições e abordou, entre vários temas, a questão da Superliga Europeia.

Com o anúncio recente do regresso da Juventus à ECA, a Superliga está reduzida a Real Madrid e FC Barcelona. Dewaele deixou escapar que a história da Superliga está encerrada aos olhos da associação e foi mais longe ainda, afirmando que os dois gigantes espanhóis podem combinar dez jogos entre si numa temporada se for isso que pretendem. A situação das ligas domésticas, o calendário sobrecarregado e os novos formatos das competições europeias e respetivos impactos para clubes de menor dimensão foram também abordados.

Diederick Dewaele em discurso direto

Estão as ligas domésticas em risco? «Claramente não. As ligas domésticas têm estado cá desde sempre e, ao longo dos tempos, provaram o seu valor. Na minha perceção, as pessoas têm uma interpretação errada em relação à coexistência das ligas domésticas e das competições europeias. A oportunidade de ter mais lugares europeus torna a liga doméstica mais interessante. Não jogas só para ser campeão, jogas para estar na Liga dos Campeões, na Liga Europa ou na Conference League. Torna tudo mais interessante.»

Onde ficam clubes da dimensão do SC Braga? «Não diria que é tão simples quanto dizer que os grandes clubes querem jogar mais entre si, porque isso é o que a Superliga defende e eu quero distanciar-me disso. A Liga dos Campeões vai ser maior do que antes, mas as competições são abertas. Todas as épocas, a liga doméstica tem de ser jogada.

Claro que o orçamento de alguns clubes é maior do que o de outros, isso é verdade, mas no fim continuas a ter que entrar em campo. Olhem para o Bayern esta época, para o Ajax... Não é uma ciência exata, tens que jogar na mesma. Claro que há uma relação entre orçamento e performance, mas cabe a qualquer clube, como o SC Braga, ser mais inteligente do que os outros. Eles pertencem às competições europeias e devem ter a ambição de entrar na Liga dos Campeões.»

Efeitos no calendário: «Estamos a trabalhar com a FIFA para que seja a melhor competição possível. Temos de olhar para a questão física, mas também para a questão mental. Temos que nos sentar e conversar em relação à direção que o calendário está a tomar. Tanto no lado masculino como feminino, temos de pensar em como podemos abordar o tema. Temos uma elite restrita que vai jogar muitos jogos e a maioria que não vai jogar o suficiente.»

Superliga Europeia: «Para nós é o fim da história. Recentemente tivemos a Juventus a voltar à ECA, o que foi importante e simbólico. Neste momento, a Superliga são o Real Madrid e o FC Barcelona. Eles podem decidir jogar entre eles dez vezes durante uma temporada se quiserem. Não faz grande sentido. Acreditamos no poder da pirâmide futebolística.

Se todos os clubes sentirem que as competições europeias não são atrativas o suficiente, sentamo-nos com a UEFA e discutimos como melhorar, mantendo-as abertas, com um sistema justo de distribuição monetária. O plano inicial para o novo formato era de dez jogos na fase de grupos, mas reduzimos para oito para não sobrecarregar mais o calendário. Acreditamos que vai ser uma competição apelativa, com formato de liga. Como num campeonato doméstico, ganhando podes ultrapassar outros clubes e qualificar-te diretamente para as fases seguintes.»

Novo formato da Champions«Uma das caraterísticas do novo formato é que vão existir mais jogos entre equipas do mesmo nível, o que é excitante para os grandes clubes e para a competição, mas também vão existir mais jogos entre equipas de menor calibre, o que torna o torneio interessante para estes clubes que antes tinham um ou zero pontos na fase de grupos. Agora têm uma maior chance de ganhar jogos. Acreditamos que é um acordo muito interessante, mas a competição terá que o provar.»

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