“Temos de antecipar o que aí vem”: Grupos de media preparam-se para chegada de novo canal em junho

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O CEO da Medialivre, grupo que lançará o NewsNow a 17 de junho, disse esta quarta-feira que a CMTV, um canal generalista, devia estar no espaço cinco 5 da grelha televisiva, que é ocupado pela SIC Notícias. Francisco Pedro Balsemão,CEO da Imprensa, respondeu: “Além do novo canal [informativo], quererem-nos tirar o espaço 5 é uma novidade”.

A chegada de um novo canal de informação do grupo que detém o “Correio da Manhã” à grelha televisiva está a causar alguns calafrios aos concorrentes do sector, que admitem que se estão a preparar para o que pode ser “um risco” ou “uma oportunidade”.

O CEO da Impresa deu as boas-vindas ao NewsNow ao mercado dos canais informativos, embora reconheça que pode trazer fragmentação das audiências. “Compete-nos a nós encontrar o nosso espaço, utilizar a nossa relevância nas plataformas tradicionais e nas novas que vão surgindo (…) Temos de nos preparar e antecipar o que aí vem e confiar no nosso produto”, referiu Francisco Pedro Balsemão, no debate “Estado da Nação dos Media” que ocorreu no 33º congresso da APDC.

Questionado sobre se há espaço, em termos de publicidade e audiências, para mais um canal em Portugal, o CEO da Medialivre respondeu que “seria um atrevimento” lançar um canal – que vai para o ar no próximo dia 17 de junho – se o grupo entendesse que não havia espaço para tal.

Mas o que é o NewsNow? Luís Santana esclareceu que é um canal de informação diferente. “Não posso dizer que é como aqueles que já existem. É para um público mais seletivo”, acrescentou.

Luís Santana aproveitou a ocasião para sinalizar à audiência que a CMTV, um canal generalista, devia estar no espaço cinco 5 da grelha televisiva, que é ocupado pela SIC Notícias. “Não sou eu que faço a grelha dos operadores, mas existe um alinhamento por temas”, argumentou. A afirmação não agradou a Francisco Pedro Balsemão, que admitiu estar a ouvi-la pela primeira vez: “Além do novo canal, quererem-nos tirar o espaço 5 é uma novidade”.

O CEO da Medialivre disse ainda que se há alguma coisa que está a distorcer o mercado são as plataformas digitais e o “combate difícil” com os serviços de streaming, que investem cada vez mais em pacotes com anúncios publicitários. Nessa ótica, pediu regulação europeia para uma distribuição de receitas mais justa, além da que existe (DSA e DMA).

Na mesma linha de pensamento sobre o efeito telecom, o CEO da Media Capital trouxe a palco a necessidade de desmistificação de que o Estado da Nação dos media é onde se discutem as receitas de publicidade e o Estado da Nação das telecomunicações é onde se discutem as receitas das telecomunicações. “No que diz respeito ao lançamento de novos canais, o negócio da publicidade é secundário. Quem decide são os operadores de telecomunicações”, declarou.

Para o CEO da dona da TVI, “a entrada na televisão paga é sempre uma decisão difícil para um CEO” e “uma distorção de mercado”. Quanto ao caso específico da NewsNow, Pedro Morais Leitão garantiu que não vai trazer problemas, mas advertiu que “o mercado de publicidade não chega para ninguém neste momento”. “Para as televisões generalistas não está a crescer, enquanto no digital está a crescer a dois dígitos”, explicou.

“A entrada de um novo operador nos canais por cabo vem criar disrupção nas audiências e desafios, que tanto podem ser considerados oportunidades como fatores de crise. Veremos que noticias diferentes o NewsNow fará e qual a diferença face aos canais que existem”, comentou o presidente da RTP.

Nicolau Santos clarificou que o canal público não está a concorrer como os privados na indústria da publicidade, porque só tem direito a seis minutos de anúncios por hora. “A RTP3 praticamente não tem publicidade. Em termos globais, são apenas 20 milhões de euros”, afiançou.

Sobre o financiamento da RTP, congelado desde 2016, o presidente do grupo com sede em Cabo Ruivo deixou em aberto que o Governo de Luís Montenegro, com o qual tem de assinar um novo contrato de concessão, “pode entender que a RTP não tem de fazer tanto quanto está a fazer”, fazendo referência à missão de serviço público que tem com oito canais de televisão e sete estações de rádio.

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