Teste Polestar 2 (2024). Pode uma simples mudança fazer tanta diferença?

1 mes atrás 53

O Polestar 2 quer ter um maior protagonismo na sua classe e por isso mudou onde era preciso. Altura de perceber o impacto dessas mudanças.

Polestar 2 Long Range Single Motor

8/10

Sempre que conduzo o Polestar 2 tenho alguma dificuldade em perceber o motivo porque não é mais bem sucedido. Agora, mais que nunca, qualidades não lhe faltam.

Prós

Imagem futuristaInterior premiumFacilidade de condução

Contras

Suspensão firmePosição de condução

A Polestar não lhe quer chamar renovação, porque já afirmou que não «embarca» nas habituais atualizações de meio ciclo de vida, mas o que é certo é que para este ano (e o próximo) o Polestar 2 mudou e ganhou novos argumentos.

Num segmento dominado pelo Tesla Model 3, não é fácil fazer parte da concorrência. O Polestar 2 está agora mais preparado do que nunca para essa «batalha», com mais nomes de peso ao barulho, a começar logo no BMW i4, sem nunca esquecer o BYD Seal.

Por fora, não é fácil apontar as diferenças, que se resumem apenas a algumas modificações na dianteira (onde costuma estar a grelha).

Polestar 2 RWD 2024© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel A diferença mais visível é o que a Polestar apelida de «Smartzone», uma «tampa» que esconde todos os sensores da dianteira

Não se deixem enganar por esse detalhe. O Polestar 2 2024 recebeu alterações significativas onde não as vemos, suficientes para o vermos como uma proposta totalmente renovada. Basta ver que tem novos motores elétricos, novos inversores e novas baterias.

No caso da versão Long Range Single motor (um motor) que testámos, o motor elétrico até mudou de sítio: deixou de estar montado na dianteira e passou a estar posicionado sobre o eixo posterior. Sim, este Polestar 2 passou de tração dianteira a tração traseira.

Com todas estas modificações, a gama do Polestar 2 ficou estruturada da seguinte forma:

Standard range Single motor — 1 motor (tr. traseira); 200 kW (272 cv) e 490 Nm; bateria 70 kWh; Long range Single motor — 1 motor (tr. traseira); 220 kW (299 cv) e 490 Nm; bateria 82 kWh; Long range Dual motor — 2 motores (tr. integral); 310 kW (421 cv) e 740 Nm; bateria 82 kWh; Long range Dual motor Performance Pack — 2 motores (tr. integral); 350 kW (476 cv) e 740 Nm; bateria 82 kWh; Polestar 2 RWD 2024© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Na lateral, para que não restem dúvidas, a Polestar exibe as credenciais de cada versão

Autonomia é chave

Curiosamente (ou não), a versão que testei (Long range Single motor) é aquela que acho fazer mais sentido. Tem potência na dose certa e oferece a maior autonomia da gama: até 659 km (ciclo WLTP).

E como nós muito bem sabemos, a autonomia ainda dita um papel importante na escolha de um 100% elétrico. Apesar de não concordar integralmente com isso (só isto dava todo um artigo…), mas reconheço o peso deste fator.

Polestar 2 RWD 2024, traseira 3/4© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Numa altura em que tantos elétricos têm um desenho algo anónimo, o Polestar 2 destaca-se pela presença em estrada

A esse nível, o Polestar 2 passou a estar num lugar de destaque perante a concorrência. O BMW i4 equivalente (i4 eDrive40 Gran Coupé) reclama até 589 km (WLTP) de autonomia e o Tesla Model 3 RWD reivindica até 513 km (WLTP). O BYD Seal (RWD) anuncia até 570 km de autonomia (WLTP).

E os consumos?

Durante os dias que passei com o 2, fiz uma média final de 16,9 kWh/100 km, em percursos mistos, divididos, quase pela metade, entre ambientes mais urbanos e autoestradas.

A este ritmo, e se tivermos em conta a capacidade da bateria, é possível fazer cerca de 467 km com apenas uma carga. É um número bastante simpático, ainda que algo distante das cifras anunciadas pela marca.

Polestar 2 RWD 2024 bagageira frunk© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel A bagageira dianteira (ou frunk) tem 41 l de capacidade, mais do que suficiente para arrumar os cabos de carregamento

Contudo, nos trajetos que fiz apenas em cidade, consegui baixar os consumos para perto dos 14,5 kWh/100 km. Nesse tipo de registo, posso dizer-vos que é relativamente fácil «arrancar» mais de 500 km entre carregamentos.

Por falar em carregamentos, há outra boa notícia:o Polestar 2 2024 também carrega mais rápido. Em corrente alternada (AC), todas as versões estão limitadas aos 11 kW. Mas em corrente contínua (DC) a variante com a bateria mais pequena (70 kWh) suporta cargas de até 135 kW, mas com a bateria maior (82 kWh) admite velocidades de até 205 kW.

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Dinâmica apurada

Que o Polestar 2 evoluiu no que toca à autonomia, consumos e carregamentos, não há qualquer dúvida acerca disso. Falta agora saber como é que o seu comportamento dinâmico, que já era muito competente, foi afetado pelo reposicionamento do motor elétrico.

Apesar de este não ser o Polestar 2 com o tratamento mais desportivo, as primeiras impressões é de que mantém a solidez que o caracterizava.

Polestar 2 RWD 2024 perfil© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Só que agora, com o motor colocado atrás, o Polestar 2 tem mais tração à saída das curvas e há uma maior sensação de agilidade. E apesar de este ser «apenas» o segundo nível de potência da gama (299 cv), nunca nos deixa a ansiar por mais.

É certo que o sprint dos 0 aos 100 km/h em 6,2s não é tão impressionante quanto noutras propostas rivais, mas a aceleração acontece de forma muito progressiva e isso torna a condução mais desportiva agradável.

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Tal como antes da atualização, a suspensão é algo firme, mais do que, por exemplo, a do BYD Seal. E isso sente-se quando passamos em pisos em pior estado ou numa zona de calçada. Contudo, não chega para beliscar a qualidade da experiência a bordo nem chega para que nos surpreenda com reações mais bruscas e difíceis de controlar.

Polestar 2 RWD 2024 volante© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Quanto à direção, pode assumir várias afinações distintas, mas à medida que a «obrigamos» a ser mais pesada, ela vai ganhando um tato mais artificial. Por isso mesmo, dei por mim a usar quase sempre a configuração normal, que é a mais agradável e a mais comunicativa.

Os travões também mostraram ser muito competentes, mesmo quando subimos o ritmo. Porém, a travagem regenerativa achei ser algo intensa, exigindo habituação. Como acontece com mais elétricos, o Polestar 2 permite conduzir apenas com o pedal do acelerador.

Vamos a contas…

O renovado Polestar 2 está disponível no mercado português com preços que começam nos 52 400 euros para a versão Standard range Single motor, e vai até aos 65 900 euros do Long range Dual motor com Performance Pack.

A motorização Long range Single motor, que protagoniza este ensaio, surge a meio caminho e inicia-se nos 55 900 euros, já com um nível de equipamento de série muito interessante.

Ainda para mais, na altura em que este ensaio está a ser publicado, a Polestar está com uma campanha em vigor onde oferece dois pacotes de equipamento importantes: Pack Pilot (reforça o leque de sistemas de ajuda à condução e de segurança) e Pack Plus (teto panorâmico em vidro, luzes de nevoeiro LED com função de curva, iluminação ambiente interior, bancos dianteiros elétricos e bagageira elétrica).

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Mas vamos a contas. Como se posiciona o Polestar 2 perante a principal concorrência? O Model 3 equivalente (RWD com 283 cv) é 14 410 euros mais barato. Porém, oferece ligeiramente menos potência e bastante menos autonomia.

Já quando a comparação é com o BYD Seal com apenas um motor (313 cv) e bateria de 83 kWh, a diferença é de 8905 euros a favor do modelo chinês, que anuncia uma autonomia de 570 km.

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Por último, quando colocamos este Polestar 2 frente a frente com um rival de uma marca premium, o BWM i4 eDrive40, o modelo sueco surge na frente, com uma vantagem de 8850 euros.

Dito isto, e tendo em conta aquilo que o Polestar 2 oferece em termos de autonomia e performances, não sinto que o preço seja exagerado. É certo que a diferença para o Tesla Model 3 e para o BYD Seal obriga a fazer contas, mas a Polestar assume-se como uma marca premium e basta olhar para o habitáculo deste elétrico para o perceber.

O interior pode não ser o mais espaçoso do segmento, longe disso, mas está muito bem acabado e com materiais de qualidade. Ainda que reconheça que por esta altura, algumas soluções do habitáculo já pareçam algo datadas.

O que falta ao Polestar 2?

O Polestar 2 apareceu com estrondo, mas parece ter caído muito rapidamente no esquecimento. E sempre que o conduzo, tenho alguma dificuldade em perceber o motivo. Ainda para mais agora, com esta atualização e versão.

Polestar 2 RWD 2024© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

É um elétrico bem construído, com uma imagem verdadeiramente premium e distinto num mar de propostas que esteticamente parecem ser cada vez mais anónimos. É agradável de conduzir e mais acutilante que a média e agora oferece uma autonomia muito decente.

No papel, parece ter os ingredientes necessários para ser uma fórmula de sucesso. Contudo, no chamado mundo real, o Polestar 2 teima em não pegar.

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Até porque os números não mentem. Em 2023, foram vendidos 54 600 Polestar 2 em todo o mundo. No mesmo período, a BMW vendeu 83 000 unidades do i4, a BYD vendeu 127 323 exemplares do Seal e a Tesla vendeu 529 287 Model 3.

Será que se o Polestar 2 fosse um Volvo venderia mais? Nunca saberemos a resposta. Mas uma coisa é certa: quem comprar este elétrico, não vai ficar desiludido.

Veredito

Polestar 2 Long Range Single Motor

8/10

O Polestar 2 evoluiu no caminho certo e ficou mais interessante e mais competitivo. É um elétrico agradável à vista e aos sentidos, sobretudo para quem o conduz. Continua a ter um «problema» chamado Tesla Model 3, que é consideravelmente mais barato. Mas quando o comparamos com um rival premium, como é o BMW i4, o preço é competitivo face ao que tem para colocar em cima da mesa.

Prós

Imagem futuristaInterior premiumFacilidade de condução

Contras

Suspensão firmePosição de condução

Especificações Técnicas

Versão base:55.900€

Classificação Euro NCAP: 5/5

60.100€

Preço unidade ensaiada

Arquitectura:1 motor elétrico Posição:Traseira transversal Carregamento: Bateria de iões de lítio com 82 kWh Potência: 220 kW (299 cv) Binário: 490 Nm
Tracção: Traseira Caixa de velocidades:  Relação única fixa
Comprimento: 4606 mm Largura: 1859 mm Altura: 1479 mm Distância entre os eixos: 2735 mm Bagageira: 407 litros-1047 litros + 41 litros (frunk) Jantes / Pneus: 245/45 R19 Peso: 2084 kg
Média de consumo: 14,8 kWh/100 km Velocidade máxima: 205 km/h Aceleração máxima: >6,2s

Tem:

Espelhos retrovisores aquecidos, com comando elétrico e com recolha automáticaFaróis LEDSensor de chuvaPuxadores das portas com bloqueio/desbloqueio tátil e com iluminação integradaBancos dianteiros semielétricos com encostos mecânicos e apoio lombar ajustável elétrico de 4 viasIluminação interiorBanco traseiro bipartido 40/60 com abertura para esquisAlavanca de velocidades Polestar com símbolo retroiluminadoCarregamento sem fios de 15 W na frenteQuatro portas USB-C (2 à frente, 2 atrás)Painel de instrumentos digital com 12,3”Ecrã multimédia com 11,2”Sistema de som com 8 altifalantes e amplificador de 250 wattsAtualizações Over-the-Air (OTA)Conectividade à InternetApple CarPlay12 sensores de estacionamentoQuatro câmaras que permitem visualização de 360ºSistema de aviso de colisão noturnaLane Keeping Aid (Assistência de faixa de rodagem)Lane Departure Warning (Aviso de saída de faixa de rodagem)Run-off Road Mitigation (Proteção de despiste)Oncoming Lane Mitigation (Proteção da Faixa Contrária)Driver Alert ControlAviso de colisão traseira e mitigação de colisãoAssistência ao estacionamentoRoad Sign Information (Informação de placas de trânsito)Blind Spot Information com assistência ao condutor

Pintura exterior Snow — 300 euros
Pack Plus — 2900 euros
Pack Pilot — 1000 euros.

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