Tomás Händel e um desejo para o futuro: «Gostava de acabar a carreira no V. Guimarães»

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Tomás Händel foi o convidado da mais recente edição do podcast do Vitória Dezanove22 e, numa longa entrevista, passou a carreira em revista. Do começo a ponta-de-lança até aos desejos que tem para quando pendurar as botas, o médio não deixou nada por dizer.

Início como ponta-de-lança: "O meu pai sempre foi um apaixonado por futebol e, assim que conseguiu, pôs-me a jogar ali à beira de casa. Fui jogar para o Moreirense quando tinha quatro anos. Fiquei no Moreirense dos quatro aos nove. No início, comecei como ponta-de-lança. Adorava e era muito forte no jogo de cabeça. Como é que é possível, não é?"

Formação e chegada ao Vitória: "Sempre fui dos mais pequeninos nas minhas equipas. Comecei como ponta-de-lança e, com o passar dos anos, fui recuando no campo. De ponta-de-lança passei para número 10. O número 10 já nem existe sequer. Passei para número oito, depois passei para número seis, como estou agora: seis, oito. Quando tinha nove anos, fui jogar para o Vitória. E, a partir daí, completei todas as minhas etapas de formação no Vitória até chegar aos sub-23 e depois a equipa B e agora a equipa A, ou seja, fiz o meu percurso todo praticamente no Vitória. Nem sei outra coisa sem ser o Vitória".

O vitorianismo: "Gostava muito de acabar aqui a carreira. Quem sabe? Era uma história bonita. Eu sou vitoriano, a minha família também é vitoriana. Vou ser sincero: quando eu era mais pequeno e tinha oito, nove, dez anos, a minha família não tinha qualquer ligação ao clube. Eu só comecei a ser um verdadeiro vitoriano a partir do momento em que vim para aqui. Antes não tinha ligações ao Vitória porque a minha família também nunca as teve. A partir do momento em que eu vim para aqui, tanto eu como o meu pai, a minha mãe e toda a gente da minha família converteu-se a este bairrismo. E agora vou ser sempre vitoriano porque identifico-me".

Lesão: "Foi um momento complicado. Nunca é ideal, para qualquer jogador de futebol, ver interrompida a possibilidade de fazer aquilo que mais gosta. Nunca é ideal e nunca é bom. Paras de te valorizar, pões uma pausa na tua carreira e não sabes o que vai acontecer. No meu caso foi assim. Não foi uma lesão em que me disseram que parava um mês e regressava. Não. Não sabia o que é que ia acontecer porque teve muitos imprevistos, muitos altos e baixos. Foi uma fase complicada, mas pôs em evidência uma característica minha, que é olhar sempre para as coisas boas, pensar sempre positivo, ter a mentalidade certa para lidar com as coisas que aparecem. Acho que foi com essa mentalidade e com essa resiliência que consegui ultrapassar esse obstáculo. Agora se me perguntas se foi fácil ver o pessoal a jogar e eu ficar de fora, digo-te que foi horrível, é a pior coisa que há é estar de fora e ver os jogos. Quando corre mal e quando corre bem. É complicado. É horrível até mesmo quando tudo corre mal. Essa parte foi a mais complicada: não conseguir ajudar e não poder estar lá dentro a fazer aquilo que mais gosto".

Histórias com Jorge Fernandes: "Quando eu estava lesionado, o Jorge Fernandes também estava. Sempre que um teve uma lesão, o outro teve também. Não sei como é que é possível, mas nós estamos sempre ligados. É impressionante. Nessa fase em que estávamos lesionados, íamos os dois para todos os lados. Fomos os dois à Croácia quando foi o jogo do Hajduk Split. Íamos a Lisboa e ao Algarve ver os jogos".

Partilhar o balneário com ídolos: "Sempre vi o André André como uma referência. Não só porque lhe reconheço muitas qualidades futebolísticas, mas também pela carreira que ele teve. Gostava de ter uma carreira parecida com a dele. Se eu tivesse uma carreira parecida com a dele, já ficava muito feliz comigo. Dividir o balneário com ele é uma sensação muito boa. Agora dou-me muito bem com ele, mas vejo-o como uma referência na mesma. O meu primeiro ano no Vitória é com o Pepa. O nosso balneário tinha o Quaresma, o Sílvio, o André. Acho que aproveitei bem a presença deles. Aprendi com eles. Foi uma sensação muito boa. E, se eles chegaram ali, foi por algum motivo. Dá para recolher sempre alguma coisa daquilo que eles fizeram e fazem no dia-a-dia, olhar para eles, para conseguirmos absorver e aplicar".

Outras modalidades: "Gosto de futebol, basquetebol, NBA em particular, Fórmula 1, futebol americano e ténis. O Federer era o meu preferido. Gosto do Hamilton, sou completamente maluco. O meu pai gosta muito da modalidade e transmitiu-me isso. Na Fórmula 1, apoio primeiro a Mercedes e depois o Hamilton".

Viagens de sonho: "Tanto a minha equipa de futebol americano como da NBA são de Filadélfia. Ainda não fui lá, mas é um dos meus sonhos. Quero ir aos Estados Unidos para ir a Filadélfia. Mas o Jorge [Fernandes] foi lá operado e disse-me que é um bocadinho industrial, mas ele não tem nenhuma conexão nenhuma à cidade. Tenho de ir lá um dia, mas com o futebol é difícil conciliar. Quando fui aos sub-21, visitei a Islândia, o Chipre, países que eu se calhar gostava de visitar um dia, mas com o futebol é difícil tirar proveito das viagens. Chegamos lá e ficamos no quarto, porque temos jogo no dia a seguir. E depois voltamos logo".

Mentalidade: "Partilho da mentalidade do Kobe Bryant. Acho que todos os atletas que têm sucesso têm um bocadinho disso. É impossível tu teres sucesso sem aqueles parâmetros que fazem parte dessa mentalidade que o Kobe tinha. A disciplina, a consistência, a fixação em ganhar, ganhar, ganhar e trabalhar".

Grupo: "Somos um grupo muito unido. Não sei se as pessoas notam isso, mas eu acho que se nota que somos muito unidos. Acho que tem muito a ver com o facto de nos conhecermos muito bem a todos. Há poucos jogadores que entram de novo, muitos transitaram. Acho que isso tornou tudo mais fácil. Depois tem a ver com a personalidade de cada um. Acho que é muito fácil para um jogador que vem de fora identificar-se e sentir-se bem na nossa equipa. Acho mesmo que isso é muito fácil".

A importância do balneário: "Acho que temos tido sucesso este ano e que a nossa caminhada tem sido positiva no campeonato e na Taça [de Portugal]. Acredito que esse sucesso advém muito do que estamos a criar dentro do balneário. Isso é o mais importante para que as coisas corram bem".

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