Perante a agressividade da Rússia, o Ocidente deve "considerar novas ações de apoio à Ucrânia", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné, referindo-se à desminagem, operações cibernéticas ou a produção de armas em território ucraniano.
"Algumas destas ações podem requerer uma presença em território ucraniano sem ultrapassar o limiar da beligerância", afirmou Séjourné, citado pela agência francesa AFP.
No final de uma reunião de líderes europeus em Paris, na segunda-feira, Macron não excluiu a presença futura de tropas terrestres na Ucrânia.
"Não existe hoje um consenso sobre o envio de tropas para o terreno de uma forma oficial, aceite e aprovada. Mas, em termos dinâmicos, nada deve ser excluído", afirmou Macron.
"Faremos tudo o que for necessário para garantir que a Rússia não possa ganhar esta guerra", acrescentou o chefe de Estado francês.
Até agora, o envio de tropas ocidentais para o terreno tem sido um tabu absoluto, com os membros da NATO ansiosos por evitar uma escalada com uma Rússia com armas nucleares.
Mas várias linhas vermelhas caíram à medida que o conflito foi avançando, com um aumento gradual do leque de armas fornecidas à Ucrânia.
Em particular, destaca-se o envio de mísseis de cruzeiro de longo alcance franceses e britânicos, capazes de atingir a Rússia, o que há dois anos era considerado impensável.
As declarações de Macron surgiram numa altura em que a Ucrânia se encontra numa "situação extremamente difícil", segundo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Kiev está a sofrer uma série de reveses na frente oriental contra o exército russo e aguarda as armas ocidentais de que necessita para sobreviver.
Nos Estados Unidos, o Congresso tem estado a bloquear uma ajuda à Ucrânia de 60 mil milhões de dólares (55,3 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, confirmou que existe um debate entre os europeus sobre a opção referida por Macron.
"Há países que estão prontos a enviar os seus próprios soldados para a Ucrânia, outros dizem 'nunca' - a Eslováquia é um deles - e outros ainda acreditam que esta proposta deve ser estudada", afirmou na segunda-feira à noite.
A maioria das principais partes envolvidas distanciou-se do cenário, incluindo a Alemanha, cujo ministro da Defesa, Boris Pistorius, descartou hoje categoricamente qualquer envio de tropas alemãs para a Ucrânia.
"A República Federal da Alemanha não tem a opção de enviar tropas para o terreno [Ucrânia]", disse Pistorius em Viena, ao lado da homóloga austríaca, Klaudia Tanner, que falou de um "sinal preocupante" de Macron.
O envio de tropas terrestres alemãs para a Ucrânia "não pode ser uma opção e não será uma opção", insistiu Pistorius, citado pela agência espanhola EFE.
A Itália também reiterou hoje que a ajuda ocidental à Ucrânia não inclui o envio de tropas europeias ou da NATO.
"Desde o início da agressão russa, há dois anos, todos os aliados têm estado totalmente unidos no apoio a Kiev", disse o Governo de Giorgia Meloni num comunicado.
"Este apoio não inclui a presença em território ucraniano de tropas de Estados europeus ou da NATO", acrescentou.
De visita a Zagreb, o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, apelou para uma "grande prudência" sobre a questão, alegando que os europeus não devem "parecer estar em guerra com a Rússia".
"Pessoalmente, não sou a favor do envio de tropas italianas para combater na Ucrânia", afirmou Tajani.
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