Turquia e Jordânia alertam. ONU está "sob ataque" e "a morrer" em Gaza

2 horas atrás 21

O presidente da Turquia, recep Tayyip Erdogan, discursa perante a 79ª Assembleia Geral da ONU Mike Segar - Reuters

As Nações Unidas tornaram-se uma organização disfuncional e que está a falhar há muitos anos, denunciou esta terça-feira o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, perante a 79ª Assembleia da ONU em Nova Iorque. No mesmo fórum, o rei Abdullah, da Jordânia, afirmou que a ONU está "sob ataque" em Gaza e arrisca "o colapso" do seu capital de confiança.

Considerando que o mundo e a resolução dos problemas não podem ficar reféns de cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Erdogan advertiu que os "valores que o Ocidente diz defender estão a morrer" em Gaza. "Não são apenas as crianças, é também o sistema da ONU que está a morrer em Gaza, a verdade está a morrer, os valores que o Ocidente afirma defender estão a morrer, as esperanças da humanidade em viver num mundo mais justo estão a morrer, uma a uma", acusou o presidente da Turquia, dirigindo-se aos líderes mundiais.

Num ataque direto a Israel, o presidente turco citou números avançados por estruturas ligadas ao grupo islamita Hamas e contestados por Israel, para afirmar que desde 7 de outubro de 2023 "mais de 41.000 pessoas foram mortas" durante a guerra.

Sem poupar nas comparações, Erdogan apelou aos restantes líderes para deterem o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tal como "detiveram Hitler", criticando os países que apoiam o seu governo.

"Tal como Hitler [líder nazi] foi travado pela aliança da humanidade há 70 anos, Netanyahu e a sua rede de assassinos também devem ser travados pela aliança da humanidade", defendeu.


Erdogan questionou diretamente os representantes internacionais sobre se as populações de Gaza e da Cisjordânia "não são seres humanos", para logo depois defender que o pequeno enclave palestiniano, controlado pelo Hamas desde 2007, se transformou no "maior cemitério de crianças e mulheres do mundo".

"Apelo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, de que estão à espera para evitar o genocídio em Gaza, para por fim a esta crueldade, a esta barbárie", questionou.

Alertas de Abdullah

Num eco da mensagem de Erdogan, mas sem responsabilizar diretamente Israel e preferindo denunciar "extremistas", o rei Abdullah da Jordânia afirmou que a ONU "está sob ataque, literal e figuradamente" em Gaza, à medida que fracassa na sua missão de proteger civis apanhados no conflito entre o Hamas e Israel. As Nações Unidas arriscam um "colapso da confiança global e de autoridade moral", alertou o monarca jordano.

"Durante quase um ano, a bandeira azul-celeste que adeja sobre os abrigos e escolas da ONU em Gaza tem sido incapaz de proteger civis inocentes dos bombardeamentos militares israelitas", lamentou.

"Camiões da ONU com auxílio permanecem parados a alguns quilómetros de palestinianos esfomeados. Os trabalhadores humanitários que ostentam orgulhosamente o emblema desta instituição, são humilhados e alvejados. E as decisões do Tribunal Internacional de Justiça da ONU são desafiadas, as suas opiniões desdenhadas", acrescentou o monarca, que vê a guerra alastrar nas nações vizinhas.

"Assim, não é de admirar que tanto dentro como fora desta Sala, a confiança nos princípios e ideias básicos da ONU esteja a desmoronar", enfatizou.

 Shannon Stapleton - Reuters

Num apelo que sublinha a ineficácia da agência da ONU para o socorro à Palestina, UNRWA, o rei Abdullah foi aplaudido ao pedir o "estabelecimento de um mecanismo de proteção" para os palestinianos. 

"É hora de garantir a proteção do povo palestiniano", afirmou. "É o dever moral desta comunidade internacional estabelecer um mecanismo de proteção para eles nos territórios ocupados".

"Isto irá proteger palestinianos e israelitas de extremistas que nos estão a levar a nossa região à beira de uma guerra generalizada", acrescentou o rei jordano.

O monarca apelou ainda a comunidade internacional a participar numa via humanitária em Gaza que garanta a entrega de alimentos, água e medicamentos aos civis do enclave.

Os líderes mundiais começaram hoje a discursar na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, dando início a um dos pontos altos da 79.ª sessão da Assembleia-Geral, que começou no início do mês.

com Lusa

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