UBS constitui provisão para conversão de quase cinco mil milhões de dívida AT1 em ações

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Depois do “trauma” para o mercado do cancelamento das obrigações AT1 do Credit Suisse, eis que o UBS alterou os termos das suas emissões de dívida altamente subordinada, garantido que em caso de resolução, não extintas mas sim convertidas em capital. Para as emissões feitas constituiu uma provisão de quase 5 mil milhões.

O banco suíço UBS anunciou esta segunda-feira que constituiu uma provisão de cinco mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) para a conversão de obrigações Additional Tier 1 (AT1) em capital, também conhecidos como Contingent Convertibles (CoCos).

As cláusulas de conversão de títulos AT1 foi aprovada em Assembleia Geral do UBS no mês passado.

O UBS Group AG revelou hoje em comunicado a disponibilidade de capital para a conversão dos títulos Additional Tier 1 emitidos desde novembro de 2023.

São quase cinco mil milhões de dólares de títulos adicionais de nível 1 (AT1), uma forma de dívida de elevada subordinação, que foram disponibilizados para conversão em ações. O banco disse que, a partir de 10 de maio, a decisão abrange quatro emissões AT1 pendentes feitas desde novembro de 2023, três no valor total de 4,5 mil milhões de dólares e uma no valor de 650 milhões de dólares de Singapura (480 milhões de dólares, ou 445,1 milhões de euros).

Consequentemente, a partir dessa data, estes instrumentos estão sujeitos a conversão em ações e já não estão sujeitos a redução de valor (write-down) mediante a ocorrência de um evento desencadeador (trigger) ou de um evento de viabilidade.

No dia 24 de abril os acionistas do UBS aprovaram uma alteração que torna convertíveis as obrigações de AT1 recentemente emitidas pelo banco, afastando-se de uma caraterística que eliminou os investidores do Credit Suisse no ano passado.

A assembleia-geral anual do banco votou a criação de capital de conversão e de alterações aos estatutos. A alteração significa que todas as obrigações AT1 emitidas desde a aquisição pelo Credit Suisse serão convertidas em capital em vez de serem amortizadas se forem acionadas cláusulas de perda.

No ano passado, o regulador suíço FINMA desencadeou uma crise no mercado de dívida bancária quando amortizou cerca de 17 mil milhões de dólares em AT1 do Credit Suisse como parte do seu resgate.

Foi no dia 19 de março de 2023 que a decisão do regulador financeiro suíço, FINMA, de “apagar” por completo os 16 mil milhões de francos suíços em obrigações Additional Tier 1 do Credit Suisse para recapitalizar o banco no âmbito da integração no UBS Group, pôs essas obrigações altamente subordinadas na lista negra. Tudo porque a Suíça alterou a hierarquia de perda de capital quando pôs os obrigacionistas a serem os primeiros a absorver as perdas, à frente dos acionistas.

Só em Novembro, é que o UBS conseguiu, pela primeira desde a aquisição do Credit Suisse, fazer emissões de AT1, tendo registado uma forte procura, uma vez que tornou os termos dos títulos mais atrativos, prometendo inclusive uma conversão em ações em caso de problemas.

As AT1 são obrigações que podem ser abatidas e convertidas em capital caso o core capital de um banco fique abaixo de determinada percentagem. Na prática, são os credores detentores deste tipo de instrumentos financeiros a sofrer perdas.

Esses títulos são emitidos pelos bancos para aumentar seu capital e cumprir as exigências regulatórias estabelecidas pelos órgãos reguladores.

As obrigações Additional Tier 1 são uma forma de dívida perpétua, o que significa que não têm uma data de vencimento definida, e pagam juros aos investidores. Esses títulos geralmente têm características únicas, como a capacidade de serem cancelados pelo emissor em determinadas circunstâncias.

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