Ucrânia. Chefe de serviços secretos descreve assassínios de inimigos

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Um tribunal de Moscovo emitiu um mandado de captura à revelia de Vassyl Maliuk, o chefe do SBU, no âmbito de um inquérito sobre uma explosão mortífera em 2022 na ponte da Crimeia, uma importante infraestrutura civil e militar que liga a Rússia àquela península ucraniana por ela anexada em 2014.

Paralelamente, o chefe dos serviços de segurança russos (FSB, herdeiros do soviético KGB), Alexandre Bortnikov apelou hoje para que o SBU seja mesmo declarado uma "organização terrorista".

Maliuk, de 41 anos, dirige há pouco mais de um ano o SBU, que reivindicou ataques a adversários da Ucrânia na Rússia e nos territórios ocupados (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia).

Brincou com a ordem de prisão emitida contra ele afirmando que esta foi emanada por "juízes de bolso" do Kremlin (presidência russa).

"Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para garantir que este criminoso de guerra compareça o mais rapidamente possível perante o tribunal de Haia", acrescentou, referindo-se ao Presidente russo, Vladimir Putin.

Numa entrevista transmitida na segunda-feira à noite na estação televisiva ucraniana ICTV, Maliuk também relatou pormenores sobre ataques muito mediatizados cometidos contra russos.

Questionado sobre o envolvimento do SBU na "liquidação" de inimigos da Ucrânia, Maliuk respondeu: "Não o admitiremos oficialmente, mas vou dar-lhe alguns pormenores".

Sobre o político ucraniano e apoiante das autoridades russas Illia Kyva, cujo cadáver foi encontrado num subúrbio de Moscovo em dezembro de 2023 e cujo assassínio foi reivindicado por Kiev, a arma utilizada "foi uma 9x19 mm de cano curto", disse Maliuk, referindo "um tiro no peito seguido de um tiro de controlo na cabeça".

O responsável dos serviços secretos ucranianos falou igualmente do blogger militar anti-ucraniano Vladlen Tatarsky, morto na explosão de uma estatueta que lhe tinha sido oferecida num café de São Petersburgo, em abril de 2023. Em janeiro deste ano, uma mulher foi condenada a 27 anos de prisão pelo homicídio.

"Havia 400 gramas de um explosivo termobárico, isso funcionou como uma navalha nele", afirmou.

Quanto ao escritor pró-Kremlin Zakhar Prilepin, ferido em maio de 2023 na explosão de uma viatura na Rússia que causou a morte do seu assistente, "o seu pélvis e as suas pernas sofreram danos graves e, infelizmente, ficou sem órgãos genitais", disse Maliuk.

A entrevista foi divulgada num momento em que a Rússia acusa a Ucrânia de ter estado na origem do atentado da passada sexta-feira numa sala de concertos na periferia de Moscovo, que fez pelo menos 139 mortos e 180 feridos e foi reivindicado pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI). Kiev negou veementemente qualquer envolvimento.

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