Ucrânia, migrações e aproximação Reino Unido-UE em foco em "produtiva" reunião de líderes

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O recém-eleito chefe de Governo, no poder há menos de duas semanas, recebeu hoje 46 líderes europeus no Palácio de Blenheim, local de nascimento de Winston Churchill, primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial.

A imponente casa senhorial de estilo barroco situada a cerca de 100 quilómetros a noroeste de Londres foi importante para impressionar numa altura em que o Reino Unido procura restaurar as relações com os vizinhos da União Europeia, quatro anos após o `Brexit`, e afirmar-se mais na cena internacional.

Starmer disse na abertura que o encontro, que durou apenas um dia, acontecia numa altura em que "uma nova tempestade ensombra o continente" europeu.

"A nossa principal tarefa aqui hoje é confirmar o nosso apoio inabalável à Ucrânia, unirmo-nos mais uma vez por detrás dos valores que prezamos e dizer que vamos enfrentar juntos a agressão neste continente", vincou. A ameaça da Rússia "abrange toda a Europa", disse ainda.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um dos principais convidados da reunião, pediu mais apoio militar dos aliados e deixou críticas veladas ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, por ter visitado Moscovo numa alegada missão de paz. 

Entre os presentes estiveram o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. 

A União Europeia esteve representada pelo Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, enquanto a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ficou em Estrasburgo onde hoje o Parlamento Europeu a elegeu para um segundo mandato. 

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também não compareceu, nem o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, que cancelou na quarta-feira por motivos de saúde.

O programa previa discussões sobre a imigração, segurança energética e a ameaça à democracia, mas ao longo do dia multiplicaram-se os encontros bilaterais possibilitados pelo estilo informal deste fórum.

O chefe de Governo britânico salientou que, sob o seu governo, o Reino Unido será "um amigo e um parceiro": "pronto a trabalhar convosco - não faz parte da União Europeia, mas faz parte da Europa". 

O governo de centro-esquerda de Starmer quer reconstruir os laços com a UE, tensos após anos de disputas sobre os termos do Brexit, e tendo identificado como uma das prioridades alcançar um novo acordo de segurança.

"Estamos confiantes de que um novo capítulo será aberto com o Reino Unido", disse Charles Michel, à chegada, em declarações aos jornalistas.

O Reino Unido pretende que as autoridades do país colaborem mais estreitamente com a agência europeia de polícia Europol no combate ao tráfico de pessoas.

Starmer assumiu uma nova abordagem na estratégia para reduzir a imigração ilegal ao terminar o plano polémico dos conservadores de enviar imigrantes para o Ruanda.

Para demonstrá-lo, prometeu que o Reino Unido "nunca abandonará a Convenção Europeia dos Direitos do Homem", algo que o anterior governo conservador do Reino Unido tinha deixado em aberto, sobressaltando os aliados europeus.

Starmer deverá aproveitar um jantar esta noite com Macron para discutir o que mais pode ser feito para impedir que milhares de migrantes todos os anos arrisquem travessias através do Canal da Mancha a partir de França.

Criada em 2022 como uma plataforma para países dentro e fora da União Europeia, depois de a invasão da Ucrânia pela Rússia ter abalado o sentimento de segurança da Europa, esta foi a quarta reunião da CPE. 

As anteriores tiveram lugar na capital checa, Praga, em Chisinau, na Moldávia, e em Granada, Espanha.

As próximas vão realizar-se na Hungria, ainda este ano, e na Albânia e Dinamarca, em 2025.

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