"Um pássaro pode cantar em Cabul, mas uma rapariga não", diz Meryl Streep

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A atriz norte-americana Meryl Streep chamou à atenção para a repressão dos direitos das mulheres no Afeganistão, num debate à margem da Assembleia Geral da ONU, na segunda-feira, defendendo que, atualmente, "uma gata tem mais liberdade do que uma mulher" naquele país.

Hoje, em Cabul, uma gata tem mais liberdade do que uma mulher. Uma gata pode sentar-se no seu alpendre e sentir o sol na cara, pode tentar apanhar um esquilo no parque. O esquilo tem mais direitos que uma rapariga no Afeganistão, porque os parques públicos foram barrados pelos talibãs a mulheres e raparigas”, disse Meryl Streep, num evento à margem da Assembleia-Geral da ONU, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

A atriz norte-americana foi uma das vozes que, na segunda-feira, apelou a medidas por parte da comunidade internacional, onde condenou os limites impostos pelo regime talibã à liberdade das mulheres e raparigas afegãs.

Afegãs publicam vídeos a cantar contra proibição imposta pelos talibãs

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Dezenas de mulheres afegãs estão a publicar nas redes sociais vídeos em que aparecem a cantar, em protesto contra a última restrição imposta pelos talibãs no Afeganistão, que proibiram o som público da voz feminina.

Lusa | 17:19 - 29/08/2024

No mês passado, o governo dos talibãs no Afeganistão ratificou uma lei, promovida pelo todo-poderoso Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, que obriga as mulheres afegãs a usar o véu. Para além disso, a lei exige que as mulheres cubram o rosto e o corpo para evitar “causar tentação” e impede o som em público ou vozes elevadas femininas como cantar, recitar ou falar para microfones.

As medidas desta lei foram bastante criticadas por Streep, que afirmou que "um pássaro pode cantar em Cabul, mas uma rapariga não o pode fazer em público", e pediu mais ação à Organização das Nações Unidas, neste "lento sufoco" das mulheres afegãs, que também recorreram às redes sociais, em agosto, para protestar o ‘silêncio’ que lhes foi imposto.

O secretário-geral da ONU, António Guterres também esteve presente e afirmou, em declarações à BBC, que “sem mulheres educadas, sem mulheres empregadas, incluindo em cargos de liderança, e sem reconhecer os direitos e liberdades de metade da sua população, o Afeganistão nunca terá o seu devido lugar no palco mundial”.

Em resposta às declarações da atriz norte-americana, um porta-voz talibã, Suhail Shaheen refutou, à BBC, o que foi dito e garante que as mulheres são “altamente respeitadas”.

“Respeitamo-las muito nos seus papéis como mães, irmãs e mulheres. Elas são uma parte essencial da família e da sociedade, mas nunca as comparamos a gatos” afirmou, num discurso onde mencionou, ainda, que várias mulheres trabalham em serviços públicos no Afeganistão.

O Governo talibã retomou o poder no Afeganistão em 2021 e já tinha criticado a ONU por não convidar o seu representante para a Assembleia-Geral.

Talibãs criticam ONU por não os convidar para Assembleia-Geral

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O Governo talibã, no poder no Afeganistão desde agosto de 2021, criticou hoje a ONU por não convidar o seu representante para a Assembleia-Geral, que decorre esta semana em Nova Iorque, impedindo a sua participação no evento.

Lusa | 16:08 - 24/09/2024

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